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21/04/2012

Portucale, o Freeport do CDS?

Os factos conhecidos são esmagadores. Abel Pinheiro era o tesoureiro do CDS e líder da Grão-Pará; o CDS, como o PSD ou o PS, vive em estado permanente de necessidade financeira; a Grão-Pará estava a negociar a dívida de 40 milhões com o BES; o BES, os banqueiros do regime, estava há 14 anos à espera da aprovação de um projecto turístico.

Nos 2 últimos meses do governo PSD-CDS o projecto Portucale é desbloqueado pela aprovação excepcional do abate de sobreiros por despacho dos ministros Nobre Guedes, Telmo Correia e Costa Neves (do CDS os dois primeiros e do PSD o terceiro); no dia seguinte ao despacho os sobreiros foram abatidos; o despacho foi abatido pelo governo PS logo que este tomou posse.

No final de 2004, foram feitos 105 depósitos em dinheiro por funcionários do CDS nas contas do partido no total de um milhão de euros, a título de donativo, com nomes inexistentes. Iniciou-se um inquérito e foram autorizadas escutas a Abel Pinheiro. Nessas escutas, Abel Pinheiro em conversas com gente do BES, disse coisas como Telmo Correia «assina qualquer merda» e «nós metemos nas mãos da sua gente mais de 400 milhões de euros nas últimas três semanas».

Ao fim de 12 anos de investigações e julgamento, os 11 arguidos do processo Portucale foram todos absolvidos.

O caso Portucale cruzou-se em vários momentos com o dos submarinos que se prepara para ter o mesmo desfecho. O caso dos submarinos já deu em prisão do ex-ministro da Defesa, Akis Tsochatzpoulos, acusado de corrupção com base em investigações das autoridades alemãs que chamaram a conclusões semelhantes no caso português. Em matéria de justiça o défice português pode ser maior do que o grego.

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