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15/03/2014

Pro memoria (165) – O homem não passa e a obra fica

Se há uma figura do regime que se pode considerar paradigma dos conflitos de interesses é o Dr. Vítor Constâncio, a quem em tempo foi bem dado o cognome de «ministro anexo» pelo professor Louçã, o mesmo a quem foi dado o igualmente apropriado cognome de «tele-evangelista». O Dr. Vítor Constâncio de governador do Banco de Portugal de 1985 a 1986 transitou neste último ano, para secretário-geral do PS, cargo que abandonou em 1989. Entre 1995 e 2000 foi administrador do BPI e com o habitual à-vontade transitou em 2000 do banco supervisionado para o BdeP supervisor onde se mantive até 2010, aí ganhando merecidamente o cognome de «ministro anexo» pelos seus inestimáveis serviços ao governo PS e aos bancos e banqueiros do regime. Para conhecer retrospectivamente uma parte da sua obra clique na etiqueta «ministro anexo».

Veio agora a saber-se pelo Conselho Superior da Magistratura, entalado pela prescrição do processo de Jardim Gonçalves pelas alegadas malfeitorias no BCP, que o procedimento contra-ordenacional esteve cinco anos e cinco meses no BdeP, antes de ser enviado ao tribunal, no período entre Março de 2005 e 04 de Agosto de 2010. Não certamente por acaso, o governador do Banco de Portugal durante todo esse período foi o nosso homem que ficou sentado em cima do processo à espera do seu sucessor.

Imigrado entretanto para o BCE, adaptou-se tão bem aos ares de Frankfurt que ninguém consegue tirá-lo de lá. Nem mesmo a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários que espera há 8 meses que Vítor Constâncio se disponha a ser ouvido no âmbito do processo de Banco Privado Português, no qual está arrolado como testemunha por este banco, em mais um caso em que as suas funções de ministro anexo lhe roubaram o tempo para fazer o papel de supervisor.

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