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28/10/2014

Dúvidas (53) – Quando há fundadas dúvidas se há algo para dizer, o pior que se pode fazer é começar a falar e acabar com as dúvidas

Em si mesmo, usar o argumento que um governo não está a aproveitar os fundos comunitários, isto é a usar o dinheiro dos contribuintes nacionais para extorquir mais dinheiro aos contribuintes dos outros países da UE para aplicar em projectos escolhidos por gente que nunca investiu um cêntimo do seu dinheiro, nem mesmo qualquer outro dinheiro privado, é muito revelador do que se passa numa mente que imagina poderem os governos dar melhor destino ao dinheiro dos empresários e dos consumidores do que os próprios dariam se esse dinheiro não lhes tivesse sido extorquido.

É claro que, se falarmos de um país com o culto do Estado patronal, paternal e clientelar, a coisa fia mais fino e tudo isso parece natural. Vamos então considerar o contexto em que o Dr. António Costa, o putativo futuro primeiro-ministro, disse o que disse a este respeito à TVI no sábado passado (vídeo e resumo aqui) e exonerá-lo daquele vício de raciocínio.

Considerado o referido contexto, tudo indica que o Dr. António Costa disse asneira, meteu os pés pelas mãos, «leu o mapa errado» da proposta de OE 2015 e viu uma redução onde se prevê um aumento de 40% e colocou-se a jeito para um incógnito secretário de Estado lhe puxar as orelhas.

Oxalá esteja enganado (e digo oxalá porque se a criatura, que é do género socialista, vier a governar Portugal prefiro que seja bom no género mau do que mau no mesmo género), mas receio que as fundadas dúvidas sobre se os seus silêncios entremeados com paleio redondo resultavam de não ter nada para dizer possam acabar em certezas.

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