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20/10/2003

Avaliação contínua: as escutas e o casino Mayer à luz da EDP.

Secção Tiros nos pés
Seria pura maldade bater em quem já está caído. Seria vicioso repetir os diálogos dos dirigentes socialistas alegadamente gravados durante as escutas divulgadas este fim de semana.
Mas O Impertinente não resiste a perguntar: o que provam essas escutas? Nada de definitivo sobre a questão da pedofilia propriamente dita. Pode ser que sim, pode ser que não.
O que estas escutas definitivamente provam, dentro ou fora do qualquer contexto, são três coisas relativamente à direcção do PS:
- Uma enorme falta de senso
- A irremediável confusão entre o domínio privado e a esfera política
- O absoluto desvario.
Cinco chateaubriands para distribuir solidariamente pela direcção do PS, enquanto não forem iluminados por um sólido bom senso.

Secção Still crazy after all these years
O nosso mayor Dr. Pedro Santana Lopes não dorme em serviço - nem fora dele, sempre ocupadíssimo na noite lisboeta.
Iniciou o seu mandato a atacar o problema urbano do século. Rapidamente inventou a solução para salvar o Parque Mayer e as suas espécies artísticas, que passaram a ser, respectivamente, a sua serra da Malcata e os seus linces.
Para financiar a salvação desse parque natural, o Dr. Pedro começou por imaginar plantar lá o casino. Pressionado pelos ambientalistas puxou, algum tempo depois, o casino uns kms para sul e plantou-o virtualmente no Cais do Sodré. Pressionado pelos verdes, que viam no casino uma ameaça ao ecossistema local, particularmente ao habitat das pegas, e também empurrado pelo prof. Marcelo e os seus pareceres mediáticos, o nosso Dr. Pedro chegou a ponderar, há uns meses atrás, a deslocalização do casino para algures "entre o Palácio da Mitra e Belém".
O Impertinente, se estivesse no lugar dele, esqueceria o "entre" e pensaria nas duas pontas. O palácio da Mitra tem uma tradição e uma conotação absolutamente adequadas para receber os pelintras que percam as massas na roleta. O palácio de Belém poderia alojar o casino, enquanto espera por um novo inquilino que poderia acumular com o lugar de croupier.
A última do Dr. Pedro, aparentando uma perigosa, mas compreensível, volubilidade, é pôr em dúvida não só o projecto do arquitecto Frank Gehry mas o projecto Las Vegas em Lisboa itself.
Para o Dr. Pedro vão 4 merecidos chateaubriands para premiar o estado de confusão em que se encontra e a carência de luz que o ilumine.

Secção Sol na eira e chuva no nabal
Mas como é possível fazer luz nestas mentes ao preço que está a electricidade?
Vem a propósito falar dos dois salários por cada ano de emprego, mais bónus, que o Eng. João Talone se prepara distribuir pelos 1.300 a 2.000 felizardos empregados da EDP, a uma média de 200.000 euros por felizardo, para eles abandonarem a sinecura que os consumidores lhes concedem e irem para casa gastar electricidade a ver o Big Brother em sessões contínuas.
Os quase 500 milhões de custos de reestruturação vão ser repercutidos nas tarifas de electricidade, mas não nos podemos lamentar porque, afinal, a alternativa seria pior – essas mordomias são o preço que os consumidores têm que pagar para evitar que cada trabalhador descontente da EDP se transforme numa cegonha, se instale num cabo de alta tensão e cause o maior apagão de sempre.
Para o Sr. Eng. Talone vão n (n>=1, n<=5) chateaubriands, dependendo do seu grau de distracção, e para os consumidores de electricidade vão 2 urracas pela sua quietude.

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