Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

10/10/2003

Avaliação contínua: o pescador de pérolas, a bela, o monstro e a crise da vapornomics.

Secção Albergue espanhol (subsecção rejeição)
Os jornais escreveram que a primeira baixa da coligação PSD-CDS para as eleições europeias foi o eurodeputado Dr. Pacheco Pereira, pela recusa de participar nas futuras listas. Ele saberá se deve ou não considerar-se uma vítima. Eu, no lugar dele, suspiraria de alívio pelo fim do purgatório que é passear de Lisboa, para Bruxelas e Estrasburgo e vice-versa, três cidades pouco interessantes, e aturar aquelas luminárias cacofónicas que fazem a maioria da deputação europeia.
Mas quer ele seja ou não uma baixa, certo é que O Impertinente será uma das vítimas. E porquê?
Porque O Impertinente frequenta com assiduidade o blogue Abrupto, produzido pelo heterónimo JPP do Dr. Pacheco Pereira. Com assiduidade, mas também com sentimentos contraditórios de interesse à mistura com o enfado que dá a canseira que é procurar algumas pérolas soterradas debaixo de toneladas de tralha, composta por prosa rebarbativa, mensagens de admiradores, reproduções de gravuras, óleos, aguarelas, águas fortes e fracas que recobrem as paredes de todos os museus que constam da lista do tour 7 cidades em 7 dias, poemas, citações, e todo a pletórica parafernália que nos deixa embasbacados pela monumental erudição de JPP, tal que levou o Dr. Paulo Querido a baptizar o Abrupto de Tele-escola .
Imagine-se, pois, o Abrupto a acolher o fruto da disponibilidade crescente do Dr. Pacheco Pereira, em breve liberto dos seus afazeres europeus. E imagine-se o sofrimento crescente que espera O Impertinente na escavação das entranhas da montanha.
Enquanto espera, O Impertinente atribui ao Dr. Pacheco Pereira dois afonsos pela firmeza nos propósitos de não privar com os rapazes do Dr. Portas, propósitos que só lhe ficam bem.

Secção Still crazy after all these years
Vítima foi também o Dr. Martins da Cruz, mas do pequeno comércio de influências.
Há males que vêm por bem, porque o Dr. Durão Barroso lembrou-se de convidar para o substituir a Drª Teresa Pinto Basto Gouveia, antigamente Patrício Gouveia, que no esplendor dos seus 57 anos, dará à nossa diplomacia uma poderosa arma de sedução das grandes potências, das pequenas potências e das impotências.
A Dr.ª Teresa é, na opinião d’O Impertinente, um bom exemplo de como o mérito feminino não precisa de queimar os sutiãs, nem berrar estridências frenéticas, como costuma a Dr.ª. Ana Gomes, que seria a candidata natural do PS a ministra dos Negócios Estrangeiros. Mais para dar uma bicada Dr. Martins da Cruz do que para fazer justiça à actual ministra, a Dr.ª Ana reconheceu que ela tem “uma personalidade contrastante com a do seu antecessor: serena, dialogante, inteligente”.
O Impertinente dá à nova ministra dois afonsos, convencido que ela deve saber que a espera uma mistura explosiva de bastante falta de dinheiro, bastante falta de diligência, alguma incompetência, com novas missões da diplomacia e as armadilhas do monstro europeu gerado no ventre de M. d’Estaing.

Secção Assaults of thoughts
Sendo a Economia uma ciência lúgubre (dismal science), praticada por sujeitos cinzentos, tem imensa necessidade dos sacerdotes carismáticos que nos períodos de exuberância irracional, como lhes chamou o vovô Greenspan, produzem uma ciência tipo vapornomics. Passada a euforia, vem um back to basics onde até os Nobels ficam cinzentos, com algum a atraso, mas os anciães da Academia Sueca não são dados a pressas.
Parece ter sido o que aconteceu com prémio Nobel da Economia que este ano foi partilhado por Robert Engle e Clive Granger, que, dizem eles, se têm ocupado da trivialidade das análises estatísticas, em geral e das séries temporais em particular, aplicadas à gestão de activos, às taxas de câmbio, preços e juros, e outras trapalhadas pouco excitantes.
Três afonsos para cada um dos dois cinzentões pela determinação de se dedicaram a tais obscuras investigações.

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