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20/06/2004

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: O novo jornalismo é igual ao velho, mas sem factos.

Secção Perguntas Impertinentes

Na sua comunicação na mesa-redonda «Capitalismo pela Paz» realizada na semana passada na Tenda Mundo Melhor na Cidade do Rock, Peter Arnett, ex-CNN e ex-NBC, agora a escrever um livro em Bagdade, disse:

«Vivemos numa época de novo jornalismo, em que é dada aos profissionais de comunicação a possibilidade de falarem como toda a gente. Na minha fase inicial de carreira, por altura da guerra do Vietname, o jornalista não se envolvia nos acontecimentos, é certo. Mas hoje somos encorajados a ter uma opinião. Os jornalistas falam. Há um novo estilo de jornalismo que se impõe.»

É caso para perguntar, se os jornalistas começam a falar como toda a gente, a borrifarem-se para os factos, a opinarem e darem largas à sua pesporrência, o que os distinguirá da gente? Qual é o valor que tais jornalistas acrescentam a um jornal? Como justificar que lhes paguem as prosas que produzem em vez de publicar cartas dos leitores? Porquê pagar 1, 2 ou 3 euros por uma resma de papel de má qualidade, que suja as mãos, se posso ler, à borla, opiniões muito mais originais e geralmente melhor escritas, nos milhares de blogues, em várias línguas, de excelente qualidade que se publicam na blogosfera?

Enquanto não chega uma resposta convincente, atribuo 3 chateaubriands a Peter Arnett, ex-jornalista e actual ficcionista. Ficam mais 2 chateaubriands reservados para quando perder o resto da lucidez e da decência e passar a defender o jornalismo de causas.

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