Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

04/11/2005

BLOGARIDADES: mais baixas em combate (anti-capitalista)

Por falar no Homem a dias, desaparecido em combate, tomei conhecimento que mais um blogue da esquerdalhada, baptizado de Blogue de Esquerda, anunciou simbolicamente o seu fim no dia de Todos-os-Santos e do aniversário do terremoto de 1755. É um fim anunciado, mas postcipado para o final do mês, para se aquietarem os abalos, as réplicas, a agitação do maremoto e todos os outros epifenómenos.

Mais por falta de tempo do que outra coisa, só o frequentava por via de links dos blogues que visito regularmente. Por ocasião da morte, alguns destes blogues escreveram umas palavras simpáticas, talvez sinceras, ou talvez com mais boa vontade do que sinceridade - «coitado, era boa pessoa», como se diz quando bate a bota um sujeito não temos em grande conta. Por mim, mesmo se quisesse ser simpático, e não quero, não teria matéria para grandes dissertações. Limito-me a comentar o post de despedida que tem o sugestivo título «GRAU NÃO SEI QUANTOS NA ESCALA DE RICHTER».

Um título assim, a propósito do anúncio de fecho do blogue, é na melhor hipótese é um bocado piroso e na pior um caso de megalomania. E é seguramente um bom exemplo do que distingue as meninges dum esquerdista da mente das outras criaturas. Lá está o incontornável «projecto». Lá estão as inevitáveis preocupações obsessivas pelos «equívocos ou interpretações distorcidas». Lá está a diferença dilacerante entre o «projecto» e o blogue «real». Lá está o apelo, muito sampaiano, à calma: «sem dramas, porque nada disto é trágico ou irreparável». Ó filhos sossegai. É só um blogue a menos. Nada de grave. A luta continua.

O Impertinências, apesar de não ser dos que «sistematicamente (os) vituperaram» (mais por falta de tempo e de paciência, do que por temperança, só os vitupero no encerramento), fica sensibilizado pelo «agradecimento por (ter) participado» «de forma cruel ― (naquele) projecto de comunicação in progress».

Por causa do «in progress», do «adeus eufórico» e do «não funeral» fica-me a angústia de saber se sim, se não, se os rapazes vão ressuscitar e reencarnar em mais um «projecto».

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