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26/02/2006

ARTIGO DEFUNTO: não foi preso por ter cão e foi medalhado por não o ter

Nas páginas 2 e 3 do caderno principal, sob o título «A marca de Sócrates», o Expresso põe em destaque as suas «marcas»:

  • Aumento da taxa de desemprego de 6,7% para 7,7%
  • Aumento do défice público de 3,0% para 6,0%
  • Aumento das taxas de juro de 2,1% para 2,2%
  • Redução do crescimento de 1,2% para 0,5%
  • Redução da inflação de 2,4% para 2,3%
O Impertinências acha que estas performances devem-se apenas um pouco mais ao governo do que a quantidade de precipitação no 4.º trimestre do ano passado. O Expresso costuma achar diferentemente, não percebendo que «a economia depende dos dez milhões de portugueses e não dos duzentos palhaços que vão à televisão falar de economia».

E costumando o Expresso achar diferentemente, custa a perceber que no caderno de Economia, o inefável manteigueiro doutor Nicolau Santos faça um panegírico do governo com um título que tresanda («UM GRANDE PRIMEIRO-MINISTRO»), debaixo duma foto do próprio que ocupa 1/4 de página. No curto texto o manteigueiro atinge uma densidade dificilmente igualável de lisonja que torna extensiva aos ministros António Costa, Freitas do Amaral, Mariano Gago e (até) Alberto Costa. Das realizações de tão emérito governo, o inefável cita concretamente apenas a introdução do ensino do inglês no 3.º e 4.º anos.

Esquece as mais importantes realizações do governo: o aumento dos impostos e o aumento dos efectivos da função pública. São estes os resultados da acção do governo e não o comportamento das variáveis macro-económicas, meia dúzia de meses depois da tomada de posse. O resto é estilo e gestão da boa imprensa.

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