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17/09/2006

ESTADO DE SÍTIO: radiografia do monstro

32 anos depois do queda do fassismo, o governo do engenheiro Sócrates dá-nos conta do número de funcionários públicos até às unidades. De acordo com a Base de Dados de Recursos Humanos da Administração Pública, são exactamente 558.813 funcionários na Administração Central, a desmesurada cabeça do estado napoleónico-estalinista. A estes haverá que acrescentar um número indeterminado na Administração Local, cuja contagem poderá levar outros 30 anos.

Este gigantesco feito aritmético do governo do engenheiro Sócrates é, contudo, ensombrado pelo desconhecimento da remuneração (1) de 26.897 (2), do tipo de contrato de 30.636 (2) e das habilitações literárias (3) de 12.149 funcionários.

Falando de habilitações literárias, num país de iletrados o estado napoleónico-estalinista, ou mais exactamente a cabeça do monstro (4) , 260.606 (2) funcionários têm cursos superiores, dos quais 11.000 têm um mestrado e 9.500 são doutores. Se a estes acrescermos os titulares de diplomas que se encontram estacionados na Administração local, percebemos que, nesta como noutra áreas, o estado napoleónico-estalinista se auto-devora, produzindo bacharéis, licenciados, mestres e doutores que se dedicam a produzir mais bacharéis, licenciados, mestres e doutores que constituirão outros tantos utentes da vaca marsupial pública. Com tal gula, o estado devorará a nação.

(Fonte: Diário Económico)

NOTAS:
(1) Os utentes da vaca marsupial pública não têm salário, têm uma tença, chamada remuneração.
(2) Note-se, uma vez mais, o rigor matemático.
(3) Os utentes não têm competências profissionais, ou graus académicos, eles têm habilitações «literárias».
(4) «Monstro» foi o nome que um dos seus pais, o professor Cavaco Silva, prantou à criatura.

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