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09/03/2008

Não deitemos fora a água de lavar o menino, com o próprio menino

João Miranda atirou para cima de João Galamba, que «tenta discutir um tema cuja essência não compreende», o peso da sua autoridade liberal a propósito da descrição deste último do facto óbvio da cultura dominante na sociedade portuguesa ser colectivista e caracterizada pela distância ao poder, como o meu parceiro Impertinente tem insistentemente referido, citando os estudos de Geert Hofstede.

É por isso que, à parte uma criatura como eu poder subscrever com pouca dificuldade uma parte do liberalismo ético de João Miranda, e à parte João Galamba poder eventualmente ter um «projecto de sociedade» (quase toda a esquerda cultiva tal coisa) mais ou menos colectivista, o qual nem com dificuldade subscreveria, o juízo que faz sobre o status quo da sociedade civil portuguesa parece-me inatacável.

«A ideia de que por detrás do que actualmente existe se encontra uma essência reprimida, pronta a revelar-se, não fosse o estrangulamento estatal, não passa de uma fé. É pensar que, não fora o Estado, nós seríamos algo parecido com a Inglaterra ou os EUA. Se os Portugueses que somos precisaram do Estado, onde é vamos buscar os portugueses que poderíamos ser? Não há possibilidade que não dependa da actualidade.»

Onde é vamos buscar os portugueses que poderíamos ser? é a melhor pergunta que li este mês. Espero que a resposta dos liberais não seja que é preciso construir o homem novo liberal.

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