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27/07/2008

Se a coisa continua assim, sou homem para de lhe dar o meu voto útil

A entrevista de Manuela Ferreira Leite ao Expresso surpreendeu positivamente. Depois dum silêncio entrecortado por declarações avulsas de lugares comuns, a presidenta do PSD desvendou algumas linhas interessantes sobre o seu estilo e as suas políticas.

Quanto ao estilo, depois de 3 anos de insultar os portugueses infatilizando-os e julgando-os incapazes de lidar com as más notícias, parece uma boa ideia começar a falar verdades. Como também é uma boa ideia mudar o foco da acção da política da gestão da imagem e das expectativas para os resultados.

O investimento público continua a ser o calcanhar de Aquiles de Ferreira Leite. Soam um bocadinho a falso as dúvidas que agora a assaltam em contraste com as certezas de há poucos anos atrás. Ficava-lhe melhor deixar mais claro que mais investimento público feito à custa de impostos actuais e futuros é menos investimento privado.

Os espíritos liberais (vade retro) ou, haja deus, pelo menos não colectivistas, gostam de ouvi-la dizer que é «defensora da iniciativa privada» e que o Estado se deve concentrar «nas funções de soberania (Justiça, Defesa, Segurança, Estrangeiros)». As parcerias com privados nas outras áres, tipo 3.ª via blairista, sendo talvez o máximo que o atavismo colectivista dos portugueses consegue suportar poderá considerar-se um exercício da arte do possível.

Em conclusão, talvez tenha que reconhecer (provisoriamente) que Ferreira Leite é a melhor líder possível para o melhor partido possível na via não colectivista de mitigação do Estado assistencialista.

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