Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/09/2008

CASE STUDY: It's about trust, stupid.

Pode-se especular sobre as causas da crise financeira global, mas lá que é global é coisa que só metendo a cabeça na areia se não vê. Também só metendo a cabeça na areia é que se não vê que as medidas de emergência passam por reconstituir a confiança.

Como explicar a alegada falta de liquidez dos mercados quando os montantes cedidos por uns bancos europeus ao BCE, que os remunera a 3,25%, são o triplo dos montantes cedidos pelo BCE a outros bancos europeus, aos quais cobra 5,25%? Não seria melhor para todos se os bancos com excesso de liquidez a cedessem aos bancos com falta de liquidez a uma taxa de 4,25%, por exemplo? Talvez não fosse e, seja como for, não é.

A crise acabou e a prosperidade também

Menos de 2 anos depois de anunciar o fim da crise, o oráculo da Horta Seca, doutor Pinho, anunciou o fim da prosperidade.

29/09/2008

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Um exemplo de publicidade enganosa - um Magalhães que é um Magellan

O último Expresso dedica uma página ao Magalhães. Esforçadamente conseguem encontrar 3 componentes portugueses no computador totalmente português:

Aplicações da Porto Editora
Embalagem
Memória RAM

As aplicações da Porto Editora (Diciopédia, Descobrir com Zito Mosquito, Descobrir com Guida a Margarida, Escola Virtual 1º Ciclo anteriores ao Magalhães) já existiam e a Porto Editora teve que implorar para que fossem instaladas à borla.

As memórias DDR2 667 são fabricadas na Maia por uma sucursal da alemã Qimonda AG, sendo a incorporação tecnológica portuguesa zero.

A embalagem é fabricada pela Micropak, empresa americana em Cumming na Geórgia, da qual não se encontram traços duma eventual presença em Portugal. Terão provavelmente um representante local.

Este tema já foi tratado no (Im)pertinências aqui, aqui, aqui e aqui.

28/09/2008

Se fosse

Se fosse americano ainda não saberia em quem votar, mesmo depois de ver este debate.

Se fosse um prosélito da esquerda europeia preferiria John MacCain, escolheria o melhor de dois mundos: ter um punch bag em substituição de George Bush, manter a mesma atitude displicente e nonchalant e a continuação da alegre irresponsabilidade face às questões da segurança global, ao renascente império russo e ao fundamentalismo islamita, sem deixar de ter as costas quentes.

ESTÓRIA E MORAL: Do jornalismo de causas ao jornalismo de casas.

Estória

«Não existem separações de poder, como pretendem os arautos do neoliberalismo. Há um grupo, fortíssimo, que dirige o mundo, com asseclas a soldo, estipendiados nos jornais, nas rádios e nas televisões, que mantêm as aparências. A economia domina a política. E os políticos servem-se das suas funções para, mais tarde, auferir das prebendas, ocupar lugares nas administrações, receber o pagamento da indignidade. Os exemplos são tão recentes e estão tão vivos na nossa memória que escuso de os referir.»

«E os políticos servem-se das suas funções para, mais tarde, auferir das prebendas». Quem escreve assim é o senhor Armando Baptista-Bastos, o pai do jornalismo de causas - «o porta-voz daqueles que não têm voz, jornalismo de indignação (que não é) indolor e incolor (e de revolta contra os que) querem é capar-nos». O mesmo que explicou ao Expresso que «aqui não há prendas. A casa que alugava há 32 anos estava a cair, eu tinha três filhos e não tinha meios. Escrevi à presidência a pedir uma casa». Casa (um andar na Estrada da Luz) que, também segundo o Expresso, há 14 anos lhe foi atribuída pela Câmara de Lisboa presidida então pelo doutor Sampaio e com o doutor João Soares como vereador da Cóltura.

Esta foi «uma das 3.200 atribuídas por cunha em Lisboa».

Moral

O mel é pouco e os lambedores muitos (provérbio popular).

Pergunta impertinente

Poderei classificar B-B como um assecla a soldo, estipendiado nos jornais?

27/09/2008

ESTADO DE SÍTIO: Se dependesse da eurocracia adoptaríamos uma atmosfera normalizada.

É só um pormenor que constitui um bom exemplo de como funcionam as mentes niveladoras da eurocracia. A partir de 2011 os veículos ligeiros vão ser obrigados a dispor de Daytime Running Lights, luzes que se ligam automaticamente quando a ignição é accionada e se desligam quando se acendem as luzes nocturnas. Com boa vontade, admite-se que nos céus cinzentos da Europa central e do norte a coisa faça algum sentido. Na Órópa dos PIGS com as suas atmosferas límpidas e luminosas não normalizadas a coisa ém 100% inútil em 90% do tempo.

Se dependesse da eurocracia seriamos obrigados a ficar com uma atmosfera igual à de Bruxelas.

Atmosfera normalizada

26/09/2008

Transmigração das almas (reposição actualizada)

Vladimir Ilitch de Sousa / Jerónimo Ulianov


«Perante os complexos problemas que se manifestaram na construção do socialismo na URSS, assim como noutros países do Leste da Europa, o PCP expressou compreensão e solidariedade para com os esforços e orientações que proclamavam visar a sua superação, alertando simultaneamente para o desenvolvimento de forças anti-socialistas e para a escalada de ingerências imperialistas, confiando em que existiam forças capazes de defender o poder e as conquistas dos trabalhadores e promover a necessária renovação socialista da sociedade. Mas certas medidas tomadas agravaram os problemas ao ponto de provocar uma crise geral. O abandono de posições de classe e de uma estreita ligação com os trabalhadores, a claudicação diante das pressões e chantagens do imperialismo, a penetração em profundidade da ideologia social-democrata, a rejeição do heróico património histórico dos comunistas, a traição de altos responsáveis do partido e do Estado, desorientaram e desarmaram os comunistas e as massas para a defesa do socialismo, possibilitando o rápido desenvolvimento e triunfo da contra-revolução com a reconstituição do capitalismo.»
(Teses em discussão para o XVIII Congresso do PCP)

25/09/2008

ARTIGO DEFUNTO: Um fabricante que não fabrica é um operador que ainda não opera.

Quem é afinal este fabricante de jactos privados que escolheu Portugal como sede pelas vantagens ao nível da tributação fiscal?

É um fabricante que não fabrica nada nem fabricará nada. Quem imagina um sucedâneo da Skylander (outro mirífico projecto) está redondamente enganado. A Jet Republic é simplesmente um operador de shared ownership e time-shared de aviões para utilização privada.

Sendo um fabricante que não fabrica nem fabricará nada, é um operador que ainda não opera, como se pode perceber pela entrevista do seu CEO, que passa uma quantidade astronómica de manteiga nas autoridades portuguesas, fazendo suspeitar que está a pôr-se a jeito para conseguir extorquir uns dinheiros aos sujeitos passivos com a ajuda do doutor Pinho.

É melhor esperar para ver o que vai sair daqui (veja-se o tom céptico com que a BBC News se refere ao assunto).

A derrapagem anunciada antes da obra começar

O rácio de derrapagem do custo das obras públicas costumava ser 100%, segundo a estimativa do IST citada pelo insuspeito doutor Oliveira Martins, ou, dito de outra maneira, o custo final costumava ser em média o dobro do valor adjudicado.

No novo pacote betuminoso do governo parece ser necessário considerar um rácio adicional: o rácio da derrapagem da estimativa do custo das obras públicas. Segundo o governo, as 10 novas estradas custariam cerca de 4 mil milhões de euros, mas as propostas já apresentadas apontam para um custo total entre 6 a 10 mil milhões. Ainda antes de José Sócrates ir lançar a primeira pázada já as estimativas derraparam entre 50% a 150%.

24/09/2008

ARTIGO DEFUNTO: O serviço público da RTP é o serviço do governo pago pelo público.

A não perder a denúncia pelo Abrupto (aqui e aqui) do exercício de propaganda que foi o telejornal das 13H de ontem dedicado à fraude «Magalhães».

23/09/2008

BREIQUINGUE NIUZ: Columbines num estado social.

Nos últimos 10 meses a Finlândia, um dos paradigmas do estado-social, teve 2 columbines. A 7 de Novembro do ano passado oito mortos no liceu de Tuusula e hoje 10 mortos no liceu de Kauhajoki.

Ainda não se sabe se Michael Moore irá filmar o Bowling for Kauhajoki. Também não se sabe qual a teoria que a esquerdalhada fabricará para explicar estas columbines num estado social.

Bleeding but not dead yet

«The investors decided at a New York meeting today to ask AIG for data so they can raise money and keep the U.S. from taking a 79.9 percent stake». (Bloomberg)

The reports of AIG death have been greatly exaggerated (maybe).

22/09/2008

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: A 2.ª melhor opção.

Secção Still crazy after all these years

Num país e numa época em que qualquer um se vende por um prato de lentilhas (vá lá, por uns milhares de euros), devemos saudar o general Eanes que renunciou a 1.300.000-euros-1.300.000 de retroactivos duma pensão que o velhaco Mário Soares lhe havia subtraído com um decreto ad hominem saído da sua oficina de filha-de-putice.

Por um lado, devemos saudá-lo. Por outro devemos vilipendiá-lo (mas com todo o respeito) por ter deixado na barriga do ogro uma dinheirama que vai ser inevitavelmente torrada da forma mas inútil. Eventualmente vai servir para contratar umas dúzias de assessores escolhidos na fila de espera dos amigos do doutor Soares (ou do senhor engenheiro, o que vem a dar o mesmo).

Que devia, nesse caso, ter feito o senhor general? Ficar com a grana e doar o líquido de impostos a uma boa causa.

Atribui-se-lhe, pois, 5 afonsos pelo arrojo da renúncia e 4 chateaubriands por ter oferecido à gula do ogro quase um milhão de euros (descontado o IRS).

CASE STUDY: Obama, o campeão da conversa da treta.


Segundo David Skillicorn da Queen’s University em Kingston, Ontário, que lidera uma equipa que desenvolveu um software para medir o «verbal spin», sendo 0 o valor médio de 150 discursos analisados, o indicador da conversa da treta de 3 VIPs é :
  • Barack Obama 6,7
  • Hillary Clinton 0,15
  • John McCain -7,58

21/09/2008

Se for necessário tornar obrigatório o 12.º ano então a ministra da Educação não domina a lógica binária.

Em resposta à tese presidencial de tornar a escolaridade obrigatória até ao 12.º ano (um passo para abreviar a derradeira degradação do sistema público de ensino), a ministra da Educação elaborou a seguinte implicação lógica:

«Se a resposta das escolas for tão boa como está a ser, provavelmente nem será necessário tornar obrigatório o 12º ano.»

Se a lógica binária fizesse parte do software mental da ministra da Educação e, em consequência, soubesse que a implicação lógica «se A então B» é equivalente à sua contra-recíproca «se não B então não A», então a ministra teria percebido que o que disse é aproximadamente equivalente a:

Se for necessário tornar obrigatório o 12.º ano então é porque a resposta das escolas não é tão boa como parece.

Convém tomar nota e recordar quando esta ou outra(o) ministra(o) concluírem que será necessário tornar obrigatório o 12.º ano.

20/09/2008

ARTIGO DEFUNTO: Uma 1.ª página que é um cemitério.

«Magalhães, primeiro computador inteiramente português», lê-se na notícia do Expresso «Chavéz outra vez». Magalhães, recorde-se, é o «primeiro computador portátil com acesso à Internet montado em Portugal», que não é primeiro computador portátil com acesso à Internet montado em Portugal, equipado com o «último processador da Intel», que não é o último processador da Intel, que tem seu «lançamento mundial» aqui no burgo, lançamento que já teve lugar em 2006, Intel que escolheu Portugal, que afinal foi quem escolheu a Intel, Intel que terá uma fábrica em Portugal segundo o governo, que nunca existirá, segundo a Intel. Comprova-se o que já tinha sido concluído: o agit-prop do governo não é um insulto à inteligência, pelo menos dos jornalistas do Expresso.

«Lisboa vai ter seis postos de abastecimento para carros eléctricos», lê-se imediatamente abaixo. Aposto, singelo contra dobrado, que ficarão a existir em Lisboa mais postos de abastecimento do que carros eléctricos (isto é com propulsão exclusivamente eléctrica). Não haverá no Expresso um jornalista com o desconfiómetro ligado?

O Estado com letra minúscula.

Ao visitar o A causa foi modificada podem encontrar-se frequentemente, no meio de densos bandos de gralhas que povoam quase todos os posts, verdadeiras pérolas (ou links que vão dar às pérolas) do pensamento próprio (ou alheio). Como é o caso desta pérola do ...bl-g- -x-st- no post Crédito tóxico, que descreve um exemplo didáctico e inspirado do processo de securitização em cadeia os créditos hipotecários. A parte mais suculenta é a frase final: «O mercado é um órgão da sociedade. O Estado também

É necessário, de vez em quando, recordar ao liberalismo lunático a fatalidade chamada Estado. E, já agora, a fatalidade que lhe subjaz: a maioria dos humanos parece apreciar bastante a fatalidade do Estado. E não será por acaso.

É por isso que um liberal pragmático o mais que longe que vai é (sonhar) reduzir o Estado ao estado, isto é o Estado com letra minúscula.

18/09/2008

O IMPERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: A factura do FED, perdão dos contribuintes americanos (entre outros).

Factura corrente da Reserva Federal (em milhões de Euros):

140.500 Fannie Mae + Freddie Mac (compra de arções preferentes para reforço de capital)
210.970 Fed Housing Administration (para refinanciamento de hipotecas falidas)
140.500 (pelo menos)Créditos extraordinários a bancos através de leilões de liquidez da reserva federal
61.181 JP Morgan Chase (relacionado com operações de apoio a Lehman)
59.775 AIG
20.394 JP Morgan Chase (aquisição da Bear Sterns)
2.813 Ajudas a comunidades para comprar e reparar casas abandonadas


[Contas de JARF]

De como o governo americano tem a aprender com o pessoal do Terreiro do Paço

«Numa pequena economia aberta como a portuguesa, ter um banco público como a Caixa Geral de Depósitos é absolutamente estratégico», disse ontem o secretário de estado do Tesouro a propósito das «intervenções outrora impensáveis do governo e do banco central dos EUA».

O doutor Costa Pina não explicou qual o papel que tem a Caixa quando o FED cá do sítio está em Frankfurt e não parece muito interessado no que se passa por aqui, em geral, e no que se pensa no Terreiro do Paço, em particular. Também não explicou qual foi o papel da Caixa durante os anos 80 em que o FMI tutelou as finanças públicas portuguesas.

A não ser que o papel «absolutamente estratégico» da Caixa, sendo igual a zero na política monetária, fique reservado para comprar bancos em estado de falência anunciada, como poderia(rá) ser o caso do Millenium bcp, que até já lá tem o anterior presidente da Caixa. Se for assim, conviria perceber como pôde o governo americano comprar o Freddie Mac, a Fannie Mae e a AIG sem uma Caixa?

17/09/2008

DIÁRIO DE BORDO: Entre marido e mulher nunca metas a colher.

Voltou hoje ao parlamento a lei do divórcio vetada pelo PR. Das duas, uma. Ou o casamento é exclusivamente uma questão do foro privado e o estado não tem que regular coisa nenhuma, como (ainda) não regula a relação de amizade ou a relação sexual. Ou o casamento é uma relação jurídica formal, é um contrato, e o estado só tem que o regular como qualquer outro contrato: com direitos e obrigações de cada uma das partes e, necessariamente, com a possibilidade de incumprimento culposo cujas consequências a lei poderia supletivamente prever, mas que os cônjuges deveriam poder alterar, como em qualquer outro contrato.

Propagar a doença e prescrever a medicina

Depois duma década (pelo menos desde a rebentar da bolha das TI) a manter as taxas de juro abaixo ou a roçar a inflação, alimentando o crédito fácil e barato e a bolha imobiliária, o FED não encontra outro remédio que não seja voltar a alimentar a inflação, desta vez injectando dinheiro para salvar o Freddie Mac e a Fannie Mae e agora a AIG («a world leader in insurance and financial services«, como eles se definem), com proveitos de USD 110 mil milhões e activos em 2007 que ultrapassavam USD 1 bilião (no sistema métrico, ou seja USD 1.000.000.000.000, cerca de 4 vezes o PIB português).

A falência da AIG, um operador financeiro global presente em mais de 130 países, provocaria um tsunami em todos os mercados financeiros, muito mais intenso do que o do Freddie Mac e a Fannie Mae juntos, geraria o pânico, a perda de confiança irremediável nos mercados financeiros e daria o impulso que falta para uma recessão mundial. Por muito que os liberais façam declarações doutrinárias grandiloquentes, é óbvio que o FED teria que intervir na AIG. E a forma como interveio (comprou 80% do capital que venderá mais tarde, deixando os accionistas com 1/4 do capital ao preço de 100%) foi a menos má das intervenções. O que o FED não deveria ter feito, e fez durante uma década, foi soprar a fogueira onde a AIG se queimou. E por muito que os anti-liberais se queixem dos mercados, é óbvio que o intervencionismo do FED tem culpas no cartório.

16/09/2008

DIÁLOGOS DE PLUTÃO: As árvores não morrem de pé.

- A árvore caiu porque os cães de luxo acidificam as raízes com o xixi ... o governo devia proibir a cãzada e só deixar o pessoal ter cães de loiça como tem o Rouxinol Faduncho.
- Penso que a árvore caiu devido à acção da gravidade.
- Fez falta foi não ter caído em cima do carro do Zé.
- A árvore já lá estava, certo? Então a culpa é dos carros.
- Vai chamar palerma a outro, ó Hélio de Bruxelas! .......... Julgas que lá por estares na Bélgica és mais que os outros? Estás muito enganado! Só estás mais longe da realidade Portuguesa, mais nada! .......... Eu sei muito bem sobre o que estava a escrever: o chip SIEV é tão útil no carjaking como na queda de árvores! .......... O chip SIEV só vai servir para o governo nos controlar mais e para nos sacar mais dinheiro, nomeadamente cobrando taxas nas SCUTs .......... Leiam o que diz uma Jurista sobre o chip SIEV e depois subscrevam a petição contra: http://www.ipetitions.com/petition/siev/signatures-17.html .......... Quanto às árvores propriamente ditas, um pouco mais de atenção por parte da Câmara Municipal talvez pudesse evitar estas situações, mas como só há dinheiro para alimentar os bolsos dos políticos...
[Comentários de 5 leitores do Público à notícia da queda da árvore no Príncipe Real]

15/09/2008

BREIQUINGUE NIUZ: O «amor à escola» do engenheiro Sócrates, visto de Melmac.

O meu amigo Gordon Shumway, aka Alf, que conheci no verão de 2002, durante as suas férias com os Tanners na Quinta da Balaia, após um longo silêncio, telefonou de Melmac (chamada a pagar no destino, as usual) perguntando se o senhor primeiro-ministro (the guy who got a fake college certificate) estava bom da cabeça (has he lost his mind?). Perante a minha ignorância, Alf explicou que tinha visto na RTP Internacional (the government's loudspeaker) o engenheiro Sócrates (that guy) a dizer que pretende «restaurar o amor à escola» (fall in love with school again). Fiquei sem fala (speechless) - não sabia de nada. Face ao meu silêncio ignorante, quis confirmar se «escola» era mesmo «school» - o português dele estava meio ferrugento (a bit sloppy), explicou. Sendo, concluiu que estava tudo doido. Ele que frequentou a universidade de Melmac durante 122 anos só ficou a gostar dos gatos (cats) e das miúdas (broads). Dos primeiros porque eram suculentos e tinha comido dúzias. Das segundas não deu explicações

Fiquei a pensar nas minhas experiências na escola. Também gostei dos gatos, apesar de não os ter comido.

14/09/2008

Estará o Google a tornar-nos desleixados, além de estúpidos?

Há dois meses Andrew Sullivan interrogava-se sobre se o Google não nos estaria a tornar estúpidos. É uma boa pergunta, para a qual a minha resposta provisória é: provavelmente.


Entretanto, a semana passada as acções da United Airlines foram suspensas da NYSE depois de cairem 70% devido à divulgação de uma notícia de pedido de falência publicada pelo Chicago Tribune em 07-09-2002 que divulgada no site do Florida Sun-Sentinel com a data 07-09-2008 através de uma pesquisa de notícias pelo Google. Uma firma de investment-research redistribui a notícia através da rede Bloomberg e a partir daí foi o colapso das cotações da UAL (ver a estória completa contada aqui).

Devemos perguntar-nos se o Google não está também a tornar-nos desleixados.

13/09/2008

SERVIÇO PÚBLICO: O efeito do tempo sobre os objectivos do governo. (Parte III)

Depois de ter reformulado o objectivo «recuperar 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura» (Programa de XVII Governo, página 8) para «criar 150.000 novos postos de trabalho», o governo anunciou recentemente que a coisa está por pouco (já teria «criado» 130.000 novos postos de trabalho).

Veio agora a saber-se que desses 130.000 novos postos de trabalho que o engenheiro Sócrates diz ter «criado», cerca de 35.000 foram «criados» pelos senhores Zapatero, Sarkozy, Brown e outros líderes estrangeiros de países que deram emprego a cerca de 27% dos referidos 130.000.

CASE STUDY: A cada um o seu tabu. De cada um a sua espórtula.

«The taboo against bailouts has been broken. Now the problem is that everyone is rushing the government at the same time. Wall Street firms ran up risk for a decade after the LTCM bailout precisely because there was a bailout.
The unwritten message, what the bankers call moral hazard, was simple: come a crisis, the government will do everything it can to avoid a collapse.
» (ver mais aqui)

Por cá nunca houve tabus desta natureza. A indigência dos indígenas contenta-se com uns trocos e as coisas, sendo mais fáceis, são bastante mais equívocas, como seria de esperar de criaturas com engenharias mentais tortuosas.

De trocos literalmente fala o doutor Cadilhe, certificado em tempos como o melhor ministro das Finanças depois de não sei quem, que diz ter um acordo com o BdeP para lhe ficar com uns cinco milhões de moedas do Euro 2004 na posse do BPN por 40 milhões de euros.

Em trocos mais graúdos pensam os construtores (Mota-Engil, Soares da Costa e Somague) quando pedem o adiamento do prazo para a adjudicação da AE Transmontana e Douro Interior e imploram ao governo que instrua os bancos para abrirem as bolsas. Em última instância a mãozinha do doutor Coelho, agora descansando na Mota-Engil da sua actividade de estradista, poderá abrir facilmente os cofres da Caixa, já que se trata de um incontornável imperativo nacional.

Já não se pode falar feijões quando o governo atira um aeroporto no deserto de Alcochete (uns 2 mil milhões de euros) para cima dos municípios do Oeste compensando-os da perda do aeroporto da Ota (ver a resolução do conselho de ministros aqui).

12/09/2008

Zenão e os homens que sonham com ferraris, segundo JPP

Dependendo do modelo, das referências que forem capazes de prestar e do tempo que estiverem dispostos a esperar, os homens que têm dinheiro e vontade de ter um Ferrari acabarão por consegui-lo. Tal como Aquiles acaba por ultrapassar a tartaruga.

Os pobres intelectuais para perceberem o paradoxo de Aquiles e da tartaruga convém que conheçam a demonstração de Cantor (a totalidade de um conjunto infinito não é necessariamente maior do que as suas partes ou, visto de outro ângulo, a soma de uma série infinita de números racionais pode ser um número finito) e, já agora, a teoria da unificação do espaço-tempo de Einstein.

Seja como, se um homem que sonha com ferraris realizar o sonho, talvez consiga um suplemento de potência (nem que seja em cavalos-vapor), porque como toda a gente sabe (até Freud) a mente é o órgão sexual mais poderoso. Mas não tão poderoso que garanta que um intelectual que conhece a demonstração de Cantor se transforme num garanhão.

Declaração de interesse: não tenho dinheiro mas não me importava de ter um ferrari para trocar por um toyota e um reforço do meu fundo de pensões.

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Ó coronel amigo do engenheiro Sócrates por que no te callas?

Secção Rilhafoles

«¡Yanquis de mierda, váyanse al carajo cien veces!» vociferou o coronel Chávez ao anunciar em público a expulsão do embaixador americano, numa solidariedade equívoca com o cacique vizinho e seu amigo do peito Evo Morales.

Avaliação impertinente:
  • Um afonso pelo seu arrojo ao desafiar a ira ianque. Levaria 5 afonsos se tivesse tido a oportunidade de fazer o mesmo uns anos antes dos yanquis de mierda se terem metido nos vespeiros afegão e iraquiano. Vá lá, levaria 2 ou 3 se o George W. não fosse nos dias que correm um sitting duck;
  • Cinco bourbons por não conseguir deixar de dizer mierdas;
  • Cinco chateaubriands por não perceber que hão-de ser aqueles que hoje o veneram que o liquidarão a seu tempo (mas talvez não a tempo de evitar a ruína do seu país).

11/09/2008

Isto nunca aconteceu?


Na passada 2.ª feira, enquanto mastigava apressadamente num bistro aqui ao lado, vi descuidadamente, salvo erro na Sic Notícias, uma parte dum programa onde criaturas elaboravam com abundante argumentação «científica» a tese do WTC nunca ter sofrido um atentado. Segundo um dos «cientistas», o colapso das torres teria resultado duma nova técnica de demolição.

10/09/2008

ARTIGO DEFUNTO: as causas prosaicas do jornalismo de causas

É observável em Portugal, como em muitos outros países, o enviesamento à esquerda dos mídia. Em primeiro lugar, como resultado da sobre-representação relativamente ao seu peso na sociedade civil da esquerda no jornalismo, incluindo das correntes que, de modo assumidamente provocatório, aqui no (Im)pertinências se costumam chamar esquerdalhada.

Não está agora em causa a génese dessa sobre-representação, que é a mesma da sobre-representação da esquerda nos meios artísticos e intelectuais, e em geral nas profissões «nobres» que não metem as mãos na massa. Estão agora em causa os mecanismos mais prosaicos, aplicáveis a priori tanto à esquerda como à direita domésticas, mas claramente mais fortes na esquerda, de adesão a causas diversas de jornalistas que, independentemente dum maior ou menor alinhamento com o governo da ocasião, procuram com ansiedade uma vaga de assessor que lhes permita subir do modesto salário dum jornalista ao patamar da sinecura governamental. São conhecidos casos de jornalistas que saíram do limbo das redacções para o olimpo da assessoria duplicando ou triplicando os seus réditos, afora as ajudas de custo pela inclusão nas trupes ambulatórias do respectivo ministério.

Não é precisa muita imaginação para adivinhar as cumplicidades, os pequenos e grandes favores que jornalistas (alguns? muitos?) estarão dispostos a prestar na esperança da sua vez chegar um dia. Tudo isto devidamente embrulhado nas roupagens das causas que aos seus olhos legitimam a luta pelas suas tristes vidinhas. Se há um governo que gere com admirável mestria estas pequenas misérias é o governo do engenheiro Sócrates com o sucesso manipulativo conhecido e apontado pelos observadores mais atentos (como é o caso, por exemplo, de JPP - aqui e aqui). Sucesso que não seria possível sem o indispensável concurso do jornalismo de causas, confessáveis e inconfessáveis.

09/09/2008

ESTADO DE SÍTIO: Adivinha (2)

A resposta a esta adivinha é: Constituição Política da República Portuguesa de 1933, isto é a constituição fássista, afinal não muito mais intervencionista do que a vigente (*), que dispõe a este respeito:

O sector público é constituído pelos meios de produção cujas propriedade e gestão pertencem ao Estado ou a outras entidades públicas. (n.º 2 do artigo 82.º)

O Estado só pode intervir na gestão de empresas privadas a título transitório, nos casos expressamente previstos na lei e, em regra, mediante prévia decisão judicial. (n.º 2 do artigo 86.º)

A lei pode definir sectores básicos nos quais seja vedada a actividade às empresas
privadas e a outras entidades da mesma natureza.
(n.º 2 do artigo 86.º)
(*) Se não fosse o óbvio mau gosto, diria que os berloquistas da facção maoista bem poderiam classificar a constituição actual de social-fássista. Agora já disse. Não há nada a fazer.

Títulos inesquecíveis (1)



Título alternativo:


Bolsas festejam socialização dos prejuízos

08/09/2008

BREIQUINGUE NIUZ: a política como a continuação da economia por outros meios

Face ao processo eleitoral e ao modo como as eleições decorreram em Angola, o silêncio do governo seria uma reacção pragmática face aos direitos adquiridos da clique do MPLA na economia portuguesa. Ainda seria aceitável, e mostraria um mínimo de decência, um comunicado com o primeiro parágrafo igual a este.

Escrever que «estas eleições permitiram a livre expressão das preferências da população angolana» ou regozijar-se «pelo facto [de] constituírem uma aposta firme e decidida na consolidação da democracia em Angola» é claramente um acto supérfluo de sabujice. Ao fazê-lo, poderia dizer-se, parafraseando Clausewitz, o governo tratou a política como a continuação da economia por outros meios, colocando-se numa posição simétrica da clique do MPLA que trata a economia como a continuação da política por outros meios.

ARTIGO DEFUNTO: um segundo que é melhor que o primeiro

«O Turismo de Portugal garantiu hoje que este ano, e mesmo o passado mês de Agosto, terão sido dos melhores de sempre, embora com números inferiores aos registados em 2007, que foi o melhor ano de sempre do turismo no país

07/09/2008

Deve haver uma explicação

Como explicar que com delegações mais pequenas do que as olímpicas os atletas paralímpicos desde 1972 tenham conquistado 81 medalhas (incluindo 25 de ouro), isto é o quádruplo do que os atletas olímpicos conseguiram desde 1912, em quase o triplo do número de participações?

Talvez seja a mesma razão que explica que os emigrantes portugueses se esfalfam a trabalhar e são geralmente apreciados nas comunidades onde se inserem. Será que só atingimos a excelência a lutar contra adversidade? A ser for assim, quanto mais o governo trouxer ao colo os «excluídos» mais eles serão uma legião para toda a vida.

ESTADO DE SÍTIO: Adivinha

Qual é a constituição, qual é ela, que dispõe que «O Estado só poderá tomar a seu cargo, em regime de exclusivo ou não, actividades económicas de primacial interesse colectivo e intervir na gerência de actividades económicas particulares, quando haja de financiá-las ou para conseguir benefícios sociais superiores aos que seriam obtidos sem a sua intervenção»?
a) a constituição americana
b) a constituição francesa
c) a constituição da federação russa
d) nenhuma destas
Se escolheu alínea d), qual é a constituição?

04/09/2008

Um novo desafio à capacidade de criação de factos políticos de José Sócrates

Se se mantiver o padrão da última década, a resposta do emprego ao ciclo económico terá um desfasamento de 9 a 18 meses, como evidencia o gráfico seguinte extraído do artigo «PIB e Emprego: Uma Contradição Apenas Aparente» de Miguel Frasquilho.



A ser assim, e muito provavelmente será, em consequência do enfraquecimento do já débil crescimento doméstico e dos nossos principais parceiros europeus, são más notícias para o governo Sócrates que no zénite da campanha eleitoral (iniciada com a tomada de posse) poderá ver o desemprego aumentar outra vez até aos níveis de há 3 anos. Ficará então definitivamente comprometido o objectivo do programa de governo de «recuperar os cerca de 150.000 postos de trabalho perdidos na última legislatura». Até mesmo a versão reformada deste objectivo (criação de 150.000 postos de trabalho) pode não ser cumprida (ver aqui o que o Impertinente escreveu sobre a hermenêutica do programa de governo). Será mais um desafio à capacidade de José Sócrates para (re)criar factos políticos.

03/09/2008

DIÁLOGOS DE PLUTÃO: "C" de Castro

- ¿Oye niño, sabes tú quién soy yo?
- No señor, no sé quién es usted, ni me interesa.
- Como castigo por no conocieres al comandante Castro, ahora mismo tienes que decirme 20 palabras que comiencen con la letra "C" para que nunca más en tu vida se te olvide que mi apellido es Castro con la letra "C".
- Compañero Comandante Castro, cómo y cuándo, carajo, vamos a comer carne con cerveza Corona como comen los cabrones comilones del Comité Central Comunista Cubano.
- ¡Falta una!
- ¡Cabrón!


[Diálogo imaginário enviado por JARF]

02/09/2008

BLOGOSFERA: leio e pasmo

O Causa Nossa foi vítima dum hacker que escreveu esta inacreditável peça machista e botou o nome da doutora Ana Gomes por baixo para a desacreditar.

01/09/2008

Como a retórica exuberante pode ajudar a atingir o orgasmo


Georges F. Will sobre Barack Obama, citando Benjamin Disraeli sobre William Gladstone: «a sophistical rhetorician inebriated with the exuberance of his own verbosity»

Lili Haydn sobre os orgasmos inspirados por Obama: «couples all over America are making love again and shouting "yes we can" as they climax».

Ana Gomes completamente rendida a Obama: «Eu estava sem fala e dava-me também para sorrir, cabeça e coração fervilhantes de admiração, contentamento e esperança. »