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17/09/2008

Propagar a doença e prescrever a medicina

Depois duma década (pelo menos desde a rebentar da bolha das TI) a manter as taxas de juro abaixo ou a roçar a inflação, alimentando o crédito fácil e barato e a bolha imobiliária, o FED não encontra outro remédio que não seja voltar a alimentar a inflação, desta vez injectando dinheiro para salvar o Freddie Mac e a Fannie Mae e agora a AIG («a world leader in insurance and financial services«, como eles se definem), com proveitos de USD 110 mil milhões e activos em 2007 que ultrapassavam USD 1 bilião (no sistema métrico, ou seja USD 1.000.000.000.000, cerca de 4 vezes o PIB português).

A falência da AIG, um operador financeiro global presente em mais de 130 países, provocaria um tsunami em todos os mercados financeiros, muito mais intenso do que o do Freddie Mac e a Fannie Mae juntos, geraria o pânico, a perda de confiança irremediável nos mercados financeiros e daria o impulso que falta para uma recessão mundial. Por muito que os liberais façam declarações doutrinárias grandiloquentes, é óbvio que o FED teria que intervir na AIG. E a forma como interveio (comprou 80% do capital que venderá mais tarde, deixando os accionistas com 1/4 do capital ao preço de 100%) foi a menos má das intervenções. O que o FED não deveria ter feito, e fez durante uma década, foi soprar a fogueira onde a AIG se queimou. E por muito que os anti-liberais se queixem dos mercados, é óbvio que o intervencionismo do FED tem culpas no cartório.

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