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20/10/2008

SERVIÇO PÚBLICO: O caminho para a empregabilidade não passa pelas ogias.

O mercado de trabalho em Portugal é o lugar do desencontro entre as necessidades das empresas deste país tecnologicamente atrasado e a oferta de mão-de-obra. A nova oferta, frequentemente relutante e pouco diligente, maioritariamente portadora de analfabetismo funcional, literacia e/ou numeracia incipientes. A velha oferta, geralmente com o mesmo perfil, como seria de esperar, e com pouco saber-fazer, o que não seria de esperar.

Convém saber o que precisa a indústria que temos.

«As necessidades de recrutamento das empresas centram-se em profissionais com formação técnica.
Nas respostas ao questionário da CIP, foi referido que, na área têxtil, não existem cursos de formação qualificantes e/ou Licenciatura que respondam às necessidades, o que é compensado pelo facto de, em algumas entidades formadoras, ser desenvolvida formação profissional nestas áreas, mas de curta duração.
Foi também referido que foi recentemente incorporado no Catálogo Nacional de Qualificações a profissão de Técnico de Logística – nível 3 e 12º ano. Muitas empresas recrutam Licenciados em Engenharia Têxtil para cobrirem esta necessidade mas esta Licenciatura não tem os referidos temas devidamente desenvolvidos nos seus curricula.
Na área da electricidade e da electrónica, é referido que o mercado procura mais a vertente de redes e telecomunicações e os estudantes acabam por enveredar por essa área, o que leva a que se formem, por ano, poucos Engenheiros Electrotécnicos, vertente Electrónica. Para além disso, o sector tem dificuldade em encontrar profissionais com experiência em semicondutores.
No sector automóvel, foi referido que as empresas procuram profissionais qualificados (nível III) para exercer funções produtivas (pintores auto, mecânicos, soldadores, serralheiros, carpinteiros, chapeiros).
O sector acredita que a maior dificuldade reside no facto de haver cada vez menos jovens interessados em desenvolver o seu percurso académico e profissional nestas áreas. Por outro lado, as ofertas de emprego para este tipo de profissionais são superiores à procura e os poucos profissionais que existem são facilmente aliciados por empresas (localizadas em território nacional e internacional) que oferecem vencimentos que, muitas vezes, não são comportáveis, sob pena de – entre outros aspectos – o aumento dos seus custos de produção fazer perder vantagem competitiva.
Profissões como Mandrilador, Caldeireiro ou Rectificador mecânico tendem a desaparecer devido a uma alteração dos meios de produção, com novos dinamismos e complexidades – referem as Associações quando indicam as profissões com tendência para desaparecer, que indicam também que algumas profissões, associadas a um posto de trabalho, passam a ser englobadas em outras (como, por exemplo, Torneiro mecânico, Fresador Mecânico e Rectificador mecânico que aparecem, agora, associadas ao operador de máquinas e ferramentas), assegurando maior polivalência.
Algumas Associações referem que os profissionais portugueses com melhores qualificações, correspondendo precisamente às áreas com maior procura, demandam muitas vezes o mercado de trabalho internacional, que oferece melhores oportunidades.
Por último, as Associações que responderam ao questionário da CIP referem que as profissões que vão desaparecer são as ligadas às actividades manufactureiras e artesanais e a tarefas administrativas indiferenciadas


[Resumo dos Resultados do Questionário sobre Necessidades de Formação, CIP, Outubro de 2008]

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