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26/10/2009

LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: a bela e a ciência lúgubre

Uma ciência que Thomas Carlyle baptizou de dismal science, adjectivo merecido porque de facto só trata de coisas lúgubres, que muitos nem consideram ciência, praticada por oráculos que não conseguem prever nem mesmo o dia seguinte, não parece muito atractiva para mulheres. Chegado aqui e como defesa preventiva do ataque politicamente correcto, acrescento: os factos demonstram-no, a economia tem sido pouco atractiva para as mulheres.

Porém, as coisas estão a mudar. Nem é preciso citar ao primeiro Nobel da Economia, atribuído a Elinor Ostrom pelos seus trabalhos sobre governação das empresas e a utilização dos comuns. Nada disso, estava a pensar em Beatrice Weder di Mauro, professora de economia internacional da Universidade Gutenberg, membro do Sachverständigenrat zur Begutachtung der gesamtwirtschaftlichen Entwicklung (*), possuidora de um intelecto no percentil 99 (na escala masculina) e com este agradável aspecto.



Beatrice Weder passou pela primeira vez no radar do (Im)pertinências quando a Economist a convidou a escrever e publicou um seu interessante artigo com um título insólito («The dog that didn't bark»), em que descreve uma espécie de síndroma de Estocolmo de que sofrem os reguladores financeiros locais face aos operadores financeiros que supervisionam, causado por um sistema errado de incentivos a começar pelo facto das próprias instituições de regulação não terem geralmente em risco o seu capital porque não gerem os fundos de garantia de depósitos. O remédio que preconiza (a criação de reguladores supranacionais) é bastante discutível e de duvidosos efeitos, mas vale a pena ler o seu diagnóstico das fragilidades da regulação nacional.

(*) Conselho Alemão de Peritos Económicos. Curvai-vos, ó machos lobomotizados que nem sequer conseguiríeis pronunciar tal nome.

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