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09/05/2010

DIÁRIO DE BORDO: O tamanho dos líderes importa

Por falar em grandes líderes, como Robert Schuman e Claude Monnet, fundadores da EU, ou mesmo, a uma outra escala, François Miterrand, Helmut Kohl e Jacques Delors, recordei o alívio de José António Saraiva, à altura director do Expresso, ao constatar, a propósito do choroso Jorge Sampaio, então presidente da República, termos entrado numa época na qual os líderes começavam a ser pessoas comuns, pouco se distinguindo do cidadão vulgar – salvo no tocante à obsessiva mediatização, acrescento. Constatação incontestável, como se pode confirmar pela dimensão da maioria dos políticos em funções. Por exemplo: uma Angela Merkel, tolhida de medo do efeito das decisões sobre o bailout da Grécia nas eleições de hoje na Renânia do Norte-Westfália, ou um Boinaparte Sarkozy embrulhado nas suas trapalhadas domésticas, ou a espécie de secretário-geral Herman Van Rompuy ou a espécie de primeiro secretário de embaixada baronesa Ashton, ou o nosso Sócrates, com todos os vícios portuguesíssimos da chico-esperteza (servidos por uma incomum obstinação, reconheça-se), submerso em inúmeras trampolinas e preocupado em ter o parágrafo da maior falência do estado português no livro de história.

Pergunto-me: se os riscos e as decisões extraordinárias, com impacto num país, num continente ou mesmo no mundo, estão a cargo de dirigentes que são pessoas comuns – salvo a circunstância, não neutra, da obsessão mediática – o que fazemos às pessoas extraordinárias que por aí devem andar, cujo lugar natural essas pessoas comuns ocupam? Esperamos que tratem dos riscos correntes e tomem as decisões ordinárias?

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