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07/08/2010

A caminho dos amanhãs que choram os pastorinhos abandonam o barco (3)

Daniel Amaral não pára de me surpreender. Depois de muita prosa gasta durante anos a justificar as políticas guterristas e socráticas, os seus prognósticos vão agora de catástrofes a tragédias.

«O busílis está aqui. O cenário, ainda que inevitável, é de uma enorme violência. E não é crível que as oposições ao Governo estejam dispostas a colaborar. Pelo contrário, o que se antecipa é o linchamento: o PCP e o Bloco, por razões políticas; o PSD e o CDS, por razões estratégicas - que importa o país, se o odioso cair sobre o PS? Enfim, o OE-2011 deverá ser chumbado. Espanta-me sobretudo o PSD, que aspira a ser governo: continua a dar tiros nos pés.

O chumbo do OE-2011 poderá ter várias implicações: a revisão do documento, a demissão do Governo, a aplicação de duodécimos, etc. Passo por cima de todas elas para me centrar na que é mais importante: o falhanço perante Bruxelas. A reacção só pode ser agressiva e eu receio o pior - a expulsão do euro. Claro que esta figura não está prevista. Mas, no dia em que os financiadores nos abandonarem, qual é a alternativa?

Imaginemos então o regresso ao escudo. O passo seguinte é a contratação de um FMI qualquer, que nos imporá a receita do costume: desvalorizações brutais, inflação galopante, salários decrescentes, endividamento louco. E como as taxas de juro também deverão subir, o crédito à habitação poderá tornar-se ingerível, transferindo para o sistema uma bolha de consequências inimagináveis. Vou medir bem as palavras: podemos estar à beira de uma tragédia.

Por favor, não brinquem com o fogo.»


Curiosamente o título do seu artigo é «Pirómanos», possivelmente uma alusão aos partidos da oposição que ele antecipa se furtem a combater o incêndio soprado pelo PS. Esqueceu-se do bombeiro incendiário que em 12 dos últimos 15 anos finge combater o incêndio que ateou.

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