Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

15/09/2010

ARTIGO DEFUNTO: Para o jornalismo de causas o importante não é o quê. É quem

A anunciada sucessora de Dilma Rousseff (e não Rousef, como escreve o jornalista de causas), por sua vez anunciada sucessora de Lula da Silva, é Erenice Guerra. Uma investigação da Veja (en passant, uma revista independente que deveria ser um exemplo para o jornalismo doméstico) concluiu que «Erenice Guerra ter-se-á aproveitado da sua posição de ministra-chefe da Casa Civil para favorecer a empresa de consultoria do seu filho, Israel Guerra, alegada intermediária em negócios com o Governo federal.» Depois do «ter-se-á» e do «alegada», o Público que noticia o facto, resolve acrescentar uma informação relevantíssima para se concluir do «alegado» nepotismo de dona Erenice: a «linha editorial [da Veja] se desvia francamente para a direita».

Numa outra notícia na mesma secção, o Público informa-nos que «O jornal "Le Monde" vai apresentar queixa na justiça por violação do segredo das fontes de informação, acusando a Presidência francesa de ter usado os serviços de contra-espionagem para descobrir as suas fontes de no caso do escândalo político e de fuga ao fisco que envolve o ministro do Trabalho, Eric Woerth, e a herdeira da L’Oréal, Liliane Bettencourt.» Tudo isto sem um «ter-se-á», um «alegado» e muito menos sem nos iluminar com a relevantíssima informação da linha editorial do Le Monde que não se desvia francamente para a esquerda – já lá está há décadas.

Sem comentários: