Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/06/2011

Como funciona a mente de um artista independente

Margarida Gil, realizadora de 4 filmes subsidiados nos seus 60 anos de idade - OK, Malick também só fez 4 longas-metragens - e presidente da Associação Portuguesa de Realizadores, entende que «pensar que a bilheteira vai ser o suporte do cinema português, ou mesmo do outro cinema, dá vontade de rir».

A vontade de rir deve-se ao programa de governo não acabar com os subsídios mas «ter em conta os resultados de bilheteira e o número de espectadores obtidos pelos filmes anteriores dos produtores e realizadores candidatos a apoios».

Segundo esta realizadora do cinema independente, «as bilheteiras não pagam os filmes» e por isso o referido princípio para pagar subsídios «vai ser outra perda de tempo que vai custar muito dinheiro ao país».

Reconheço alguma razão à insigne realizadora: pensar que a bilheteira vai ser o suporte do cinema português dá vontade de rir. E subsidiar filmes de realizadores incapazes de ter um público dá o quê? Aos sujeitos passivos dar-lhes-à vontade de chorar.

A Margarida Gil só lhe daria vontade de chorar se lhe cortassem de vez os subsídios e a deixassem, e a todos os seus colegas independentes, obrigada a viver do produto da sua arte.

CASE STUDY: The case for Arabs aren't happy

The bottom line

The Arabs aren't happy! But where?
They're not happy in Gaza. They're not happy in Egypt. They're not happy in Libya. They're not happy in Morocco. They're not happy in Iran. They're not happy in Iraq. They're not happy in Yemen. They're not happy in Afghanistan. They're not happy in Pakistan. They are not happy in Saudi. They are not happy in Somalia. They are not happy in Sudan. They're not happy in Syria. They're not happy in Lebanon.

The Arabs are happy! But where?
They're happy in Australia. They're happy in Canada. They're happy in England. They're happy in France. They're happy in Italy. They're happy in Germany. They're happy in Sweden. They're happy in the USA. They're happy in Norway. They're happy in every country that is not Muslim.   

And who do they blame?
Not Islam. Not their leadership. Not themselves.

Whom do they blame then?
They blame the countries they are happy in!

[Sent by AB, a notorious PIG (politically incorrect guy)]

Explicações pedidas devem ser dadas

«Há que saber se Portugal tomou uma decisão de renunciar definitivamente à construção da alta velocidade ou se adia a decisão de construir a alta velocidade» considerou o ministro do Fomento espanhol, perante a decisão do governo português suspender o investimento no TGV.

Perante o ziguezague dos sucessivos governos portugueses, percebe-se perfeitamente a dúvida que assalta o ministro espanhol. No lugar deste governo, eu responderia que a decisão de suspender do lado português o trajecto Lisboa-Madrid teria resultado da decisão do lado espanhol de suspender a partir de 1 de Julho os trajectos que ligam Toledo, Cuenca e Albacete por só terem 9 dos 2.190 passageiros previstos por dia.

A propósito dos 2.181 passageiros em falta, recorde-se que o professor Avelino de Jesus disse disse há uns tempos à Comissão de Obras Públicas que os estudos do TGV estavam «empolados» no que respeita às previsões de passageiros porque «os consultores dizem o que as pessoas que fazem a encomenda querem ouvir». Tendes aqui um oportuno exemplo.

29/06/2011

DIÁRIO DE BORDO: So far not so good (3)

Álvaro Santos Pereira, o novo super-ministro da Economia, do Emprego e das Obras Públicas parece estar a falar demais e excessivamente preocupado com a sua projecção mediática. Já tivemos disso que chegasse durante os últimos 6 anos. Deveria saber que, do mesmo modo que a economia não depende dos 200 palhaços que vão à televisão falar de economia, também não depende do ministro da economia ou, mais exactamente, quanto mais dele depender, pior.

Façamos votos para que ASP, passadas as excitações preliminares, se concentre nas externalidades que dependem do Moloch estatal.

O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Pode ser só descontrolo verborreico

«Em relação ao seu (dele Pertinente) postA profecia falhada do inefável intriguista” estou convencido que desta vez, o MRS simplesmente se enganou.

Depois de ele ter avançado com os nomes (o do Bernardo Bairrão e o de outra pessoa cujo nome não me recordo – terá sido o Morais Leitão?) notei logo na altura que o próprio se apercebeu que tinha dado uma informação que não podia ter dado (na altura cheguei a interpretar que até não queria ter dado). Houve ali um momento de hesitação ou, melhor, de quebra de ritmo, que mereceria ser estudado e guardado como exemplo para as aulas de “Falar em público” ou “Retórica 1”. A recuperação do ponto de vista oratório foi fantástica mas os dados e os danos estavam lançados.

Desta vez, não acho que tenha sido intriga. Simplesmente, o homem está a envelhecer e, no meio do alto débito verborreico que caracteriza as intervenções do MRS, escapou-lhe uma informação, muito provavelmente verdadeira – basta ver as reacções subsequentes em diversos órgãos de comunicação social – que simplesmente não queria (nem podia) dizer. Não foi a tempo de corrigir e a partir de aí deixou andar


[Email de AB]

Esclarecimento impertinente e irrelevante:
É bem possível que tenha sido como escreve AB. Ainda assim, no caso de MRS, já se consumaram por reincidência contumaz duas coisas. Primeira, inverteu-se o ónus de prova. Segunda, o benefício da dúvida transformou-se no prejuízo da certeza.
Se as patetices, sacanices e intrigas que ele constrói fossem de um outro pateta qualquer, não teriam grande importância. No caso dele, com um auditório de mais de 1 milhão (I guess), a irresponsabilidade é muita porque, entre o que diz por inconsciência verborreica e o que diz por safadeza, lança a confusão no espírito já confuso de pelo menos 90% dos patetas que o ouvem.

28/06/2011

A profecia falhada do inefável intriguista

Um dia a jornalista Inês Serra Lopes disse (ou escreveu?), a propósito do professor Marcelo, que não se pode confiar num homem que traz um cabide no carro para pendurar o casaco. Não tenho a certeza ser essa uma razão para desconfiar - poderia ser só uma obsessão pela roupa engomada. Em contrapartida, não tenho dúvidas que não se pode confiar num contador de estórias como a do jantar de vichyssoise que jurou ser mais fácil Cristo descer à terra do que ele ser candidato a presidente do PSD, montou ao governo pateta de Santana Lopes uma armadilha de alegada censura, entre muitas outras, e também garantiu no domingo passado, sabe-se lá com que intuitos, que Bernardo Bairrão, administrador da SIC TVI iria ser secretário de estado da Administração Interna. Não se sabe se seria para ser, nem porque razão, se fosse para ser, não chegou a ser.

Fosse como fosse, é mais um prego para o caixão da credibilidade do inefável intriguista. A sua aparente popularidade é, só por si, um índice da maturidade e do espírito crítico da nossa opinião pública.

ESTADO DE SÍTIO: O estado do Estado de Sócrates

Estado recente de algumas das realizações de José Sócrates:
  • O quarto maior desemprego (12,6%) dos países a OCDE, desemprego que no conjunto desses países está a melhorar;
  • Terceira maior quebra de emprego na Zona Euro e quinta maior na UE-27, ao contrário da média europeia;
  • Maior queda da produção industrial (-3,6% em Abril), comparada com o crescimento da Zona Euro e EU-27;
  • O serviço da dívida em Junho de 6,5 mil milhões só pôde ser cumprido com o adiantamento do empréstimo do FMI/CE/BCE sem o qual Portugal entraria em incumprimento («não precisamos de ajuda», lembram-se?);
  • Exposição da banca portuguesa à dívida pública ultrapassando 40 mil milhões ou cerca de 40% da dívida total, consequência da relação promíscua entre o governo e a banca do regime;
  • Dívidas a fornecedores que ultrapassam 3,7 mil milhões de euros ou 2,2% do PIB (bem que o Pertinente tinha o desconfiómetro ligado)

27/06/2011

Lost in translation (111) – o ministro não se impressionou com os representantes da «maioria social», teria ele dito se fosse sincero

«Não fiquei com qualquer impressão, pelo que não posso dizer que tenha ficado muito impressionado», disse aos jornalistas o doutor Carvalho da Silva, patrão da CGTP há 35 anos e representante da «maioria social», após a reunião com o novo Ministro da Economia, Emprego e Obras Públicas. No lugar dele, teria ficado impressionado por uma criatura com uma incumbência tão pesada ainda ter tempo e paciência para ouvir a cassete CGTP.

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Conformismo encapotado de realismo

«Portugal é um país socialista. Os portugueses gostam de ter o Estado a acompanhar a sua vida, a regular, a tomar conta, a fornecer apoios e serviços, a prometer benesses. O ideal de vida da população média é o funcionário público, com trabalho à secretária, horário fixo, emprego seguro, promoção automática.

Esta verdade é antiga e manifestou-se de várias formas. Pombal chamou-lhe "despotismo esclarecido", Fontes Pereira de Melo "modernização e progresso", Salazar "Estado corporativo", mas era isto que queriam dizer. Fomos socialistas na Casa da Índia e na Casa do Douro, no condicionamento industrial, adesão à EFTA e mercado único.

Somos um país em que acusar alguém de "fins lucrativos" é ofensivo e a simples presença de privados na saúde e educação lança alarme. É verdade que depois todos dizem mal do Estado, escolas e hospitais públicos e acabam por ir à privada. Criticar o Governo, câmaras e serviços é desporto institucional. Os políticos são todos horríveis e os burocratas incompetentes e abusadores. Mas não vivemos sem eles


Até aqui, não posso estar mais de acordo do que escreveu César das Neves hoje no DN. É a parte do deixar de dar graxa. Começo a discordar com «isto não é bom nem mau» e com o conformismo encapotado de realismo de «o liberalismo não floresce nestas terras. Fora de uma pequena elite, que gosta de lamentar o país, a sociedade é assumidamente estatista. E será durante séculos». É parte do ficar tudo na mesma em vez de mudar de vida.

Uma elite que se demite de contribuir para mudar o país pode não ser pequena mas não é elite.

Vou esperar mais algum tempo antes de me declarar admirador de António Mexia (4)

[Continuação de (1), (2) e (3)]

Já ficou bastantemente patente o que por aqui pensamos da gestão de António Mexia, cujos resultados são bastante questionáveis, a não ser no tocante ao notável retorno mediático, aparentemente muito graças a Sérgio Figueiredo que assim retribui a sinecura da Fundação EDP. Mira Amaral, um bom conhecedor do sector da energia, pode não estar motivado nas suas críticas pela mais pura das intenções, mas o que escreveu no artigo seguinte no Expresso vale por si mesmo como exame objectivo dos resultados da gestão de Mexia.

A EDP E AS EÓLICAS

«Mexia recebeu uma ótima empresa com engenheiros e quadros do melhor que há em Portugal e com uma excelente posição no Brasil, onde a dupla Talone-Jorge Godinho fez um notável trabalho de recuperação.

Esta EDP apostou quase tudo no boom do crescimento das eólicas. Em Portugal, tal foi completado com investimentos em bombagem destinada a acumular o excesso de produção eólica.

A EDP está em 90% dos seus negócios dependente de mercados regulados e de contratos de longo prazo como os CAE e os CMEC.

A febre de crescimento tem sido tão elevada que o Free Cash-Flow tem sido negativo, o que significa que o pagamento dos dividendos tem sido feito com a emissão de dívida. A EDP pagou de 2006 a 2010 mais em encargos financeiros do que em dividendos. A dívida líquida já anda pelos 16,3 mil milhões de euros (quase 10% do PIB português!) e o rácio NET DEBT/EEBITDA é já 4.66, dos mais elevados das utilities europeias similares. A EDF, Iberdrola e Endesa têm respetivamente 2.33, 3.46 e 0.60. Mas não é apenas o nível absoluto da dívida que preocupa, mas também os riscos que podem afetar os cash-flows regulados e ainda a tendência de aumento dos custos de capital.

Pôs-se em causa o equilíbrio entre crescimento e criação de valor e a diferença entre o retorno do investimento (ROI) e o custo do capital (Wacc) (*) é tendencialmente negativa.

Enquanto o Presidente da República aconselhava a passarmos férias cá dentro, devido ao desequilíbrio externo, a nossa EDP investia alegremente no estrangeiro em parques eólicos, sujeitos a grandes riscos políticos, regulatórios e também de mercado.

A prova de que o mercado já antecipou esses riscos está na chocante cotação atual da EDP Renováveis (cerca de 4 euros por ação) quando foi colocada a ação no mercado a 8 euros no IPO! Falta vento a estas ações. Se nós, comuns e mortais gestores, tivéssemos feito isto, o que diria a imprensa...

Assim:

1. O risco país vai penalizar o custo de capital da EDP pressionando os encargos financeiros de uma dívida em que 53% é a taxa variável;

2. O acordo com a troika põe em causa os pressupostos da EDP sobre a ausência de riscos nos seus cash-flows em Portugal porque a estabilidade regulatória das tarifas políticas das renováveis, dos CAE e dos CMEC é questionada, pedindo-se revisões em baixa, e porque se tem de aplicar o 3.º pacote comunitário da liberalização que vai levar as receitas e as margens a baixarem;

3. O nível de consumo também certamente se reduzirá em Portugal;

4.
Nos EUA há riscos regulatórios e políticos, com a prometida e falhada legislação Obama, e riscos de mercado com o efeito do 'shale gas' sobre os preços da eletricidade. Na Escócia, onde se investiu no offshore eólico, há tremendos riscos dum projeto pioneiro em ambiente muito hostil.

Em suma, a tal escala que Mexia tanto gosta é de alto risco, o impasse estratégico é evidente mas o retorno mediático tem sido elevado...
»

(*) Weighted average cost of capital

26/06/2011

Estado empreendedor (48) – o aeroporto que só abre aos domingos

[Continuação de outras aterragens: aqui ,aqui, aqui e aqui]

O aeroporto de Beja poderia ser eleito o paradigma do investimento público. A estória já foi contada no (Im)pertinências várias vezes (ver os links acima) e à medida da passagem do tempo mais se aprofunda o buraco e quanto mais se aprofunda o buraco mais se insiste na abordagem Lockheed Tristar.

O Expresso deste fim de semana dedica uma página ao caso do aeroporto que só abre aos domingos, onde um check-in de 16 turistas num Embraer leva tanto tempo como o de 200 turistas num Airbus, onde os aviões de 49 lugares partem com 7 passageiros, onde nenhum turista dos poucos que chegam fica em hotéis da região e onde um «empresário» filosofa que «vai demorar anos e um investimento considerável em promoção» (efeito Lockheed Tristar).

Semper idem: accerrima proximorum odia

Escritos de Pacheco Pereira como este ou aquele exalam ressaibo em estado puro. Não escreve sobre o que faz o governo, escreve sobre quem escreve ou fala do governo com «o discurso do poder interiorizado» impregnado pela «balofice nacional que nos assaltou». Como se estivesse desapontado com a «boa imprensa» que todos os governos de maioria costumam ter durante algum tempo. Como se esta gentinha não merecesse ter ganho as eleições.

Com aqueles mesmos critérios e aquela mesma abordagem, o que diria Pacheco Pereira se em vez deste governo tivéssemos um outro com a mesma «boa imprensa», liderado pela Dr.ª Ferreira Leite e composto pelos compagnons de route do cavaquismo branqueados das suas responsabilidades? Iria queixar-se duma «balofice» e dum «situacionismo» semelhantes aos que Cavaco Silva desfrutou em certos períodos dos seus governos?

Declaração de interesse: o meu suporte a este governo resume-se a considerá-lo a menos má das alternativas a concurso e, essencialmente por isso, concedo-lhe durante algum tempo o benefício da dúvida.

25/06/2011

DIÁLOGOS DE PLUTÃO: Fim da árvore genealógica

  • Mãe, vou casar!
  • Jura, meu filho?! Estou tão feliz! Quem é a moça?
  • Não é moça. Vou casar com um moço... O nome dele é Murilo.
  • Você falou Murilo.... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?
  • Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
  • Nada, não.... Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.
  • Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...
  • Problema? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora.... Ou isso.
  • Você vai ter uma nora. Só que uma nora.... Meio macho.
  • Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea.... E quando eu vou conhecer o meu. A minha.... O Murilo?
  • Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
  • Tá! Biscoito.... Já gostei dele... Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui?
  • Por quê?
  • Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.
  • Você acha que o Papai não vai aceitar?
  • Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... . Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade. E olha que espetáculo: as duas metade com bigode.
  • Mãe, que besteira.... Hoje em dia.... Praticamente todos os meus amigos são gays.
  • Só espero que tenha sobrado algum que não seja.... Pra poder apresentar pra tua irmã.
  • A Bel já tá namorando.
  • A Bel? Namorando?! Ela não me falou nada.... Quem é?
  • Uma tal de Veruska.
  • Como?
  • Veruska...
  • Ah!, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.
  • Mãe!!!...
  • Tá.., tá..., tudo bem...Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto...
  • Por que não? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
  • Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
  • Quando ele era hétero.... A Veruska.
  • Que Veruska?
  • Namorada da Bel...
  • "Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado.... E a atual namorada da tua irmã . Que é minha filha também.... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco...
  • É isso. Pois é.... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero....
  • De quem?
  • Da Bel.
  • Mas. Logo da Bel?! Quer dizer então.... Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska.
  • Isso.
  • Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.
  • Em termos...
  • A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a Bel.
  • Por aí...
  • Por outro lado, a Bel....,além de mãe, é tia.... Ou tio.... Porque é tua irmã.
  • Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska.... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
  • Só trocar, né? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.
  • Exato!
  • Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi...
  • Entendeu o quê?
  • Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!
  • Que swing, mãe?!!....
  • É swing, sim! Uma troca de casais.... Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra...
  • Mas....
  • Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior.... Com incesto no meio..
  • A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
  • Sei!!!.... E quando elas quiserem ter filhos...
  • Nós ajudamos.
  • Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero,o espermatozóide..... A única coisa que eu entendi é que...
  • Que....?
  • Fazer árvore genealógica daqui pra frente.... vai ser f***.
[Fim da árvore genealógica, Luiz Fernando Veríssimo]

DIÁRIO DE BORDO: Peter Columbo Falk

24/06/2011

CASE STUDY: Um exemplo de transparência na governação que chegou atrasado

Depois de (mais) um escândalo envolvendo o ministro Palocci, a presidente presidenta Rousseff desobrigou o governo de divulgar informação sobre os custos das obras relacionadas com o Mundial de Futebol de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Foi uma decisão prudente quando já se antecipa a irremediável derrapagem das obras e dos orçamentos, o que criará o maior dilúvio de corrupção já visto pelo Brasil e o Brasil já viu muitos - esta terra ainda vai cumprir seu ideal / Ainda vai tornar-se um imenso Portugal. Estão em causa compensações por trabalhos a mais e por encurtamento dos prazos, em cima de cambões e adjudicações pela porta do cavalo, que no final custarão milhares de milhões de reais. (*)

Se José Sócrates ainda por aí andasse, poderia ter havido uma assistência técnica mútua. Sócrates explicaria a Rousseff como usar as PPP para chutar para a frente os custos dos elefantes brancos e Rousseff explicaria a Sócrates como ficar sentado em cima das contas e mandar o Tribunal de Contas de férias. Como parte da cooperação, Rousseff emprestaria José Dirceu para montar um esquema de mensalão e pagar os votos da oposição superando a falta de maioria no parlamento – teria sido possível aprovar o PEC4, o PEC5, o PEC6, etc. Talvez nem fosse preciso Rousseff emprestar Dirceu, porque este já trabalha para a Ongoing que, como braço da banca do regime, faria parte da equipa da casa.

(*) Algumas estimativas do Mundial de Futebol de 2014 a multiplicar pelo rácio de derrapagem: estádios 2 mil milhões; ampliação dos aeroportos mais de 5 mil milhões de reais; TGV mais de 10 mil milhões (sim também eles!)

Lost in translation (110) – Rigor? Já fizemos engenharia orçamental no passado. Voltaremos a fazê-lo no futuro, queria ele dizer (XXVI)

[Mais engenharias orçamentais: pesquisa Google]

Até ao lavar dos cestos ainda é vindima, diz o povo. No caso das trapalhadas orçamentais e contabilísticas do socratismo, o lavar dos cestos vai prolongar-se por anos. Vejamos algumas das últimas trapalhadas e engenharias orçamentais:
  • 165 mil euros de subsídios de compensação foram pagos a juízes mortos. Perguntas: o que é um subsídio de compensação? faz muita diferença para o funcionamento da justiça o juiz estar vivo ou morto?
  • O presidente e vogais da Comissão Nacional de Protecção de Dados receberam indevidamente mais de 180 mil euros desde 2006 por acumulação de pensões. Pergunta: o facto de ninguém ter dado por isso em 5 anos significa que estes dados estavam bem protegidos?
  • O Tribunal de contas identificou despesas irregulares num montante superior a 2,8 mil milhões de euros, que quase triplicaram relativamente a 2009. Pergunta: se o governo Sócrates se mantivesse até ao fim do mandato conseguiria que toda a despesa pública fosse irregular?
  • A execução orçamental dos 5 primeiros meses do ano apresentada pelo governo resulta uma redução  de quase 90% do défice. Perguntas: qual é a parte deste milagre que se deve a só terem sido contabilizados 13,9% dos juros orçamentados e 22,5% das despesas orçamentadas para o ano em 40% do tempo (5 em 12 meses) e ao prazo médio de pagamento ter aumentado de 89 para 123 dias? Como foi possível este milagre conviver com o aumento de 67% no crescimento da dívida pública relativamente a 2009? (contas de Tavares Moreira no 4R)

23/06/2011

DIÁRIO DE BORDO: O exemplo vem de cima (2)

aqui escrevemos, «nunca esquecer, mas mesmo nunca: o exemplo. Para os portugueses o mau exemplo vem sempre de cima. O bom exemplo nem por isso

Passos Coelho está a viajar hoje para Bruxelas na TAP, tendo mandado trocar as cinco reservas de executiva para económica. São apenas sinais? Pois são sinais, mas tirai lá o «apenas» porque a política nos dias que correm é quase só sinais.

CONDIÇÃO MASCULINA / LA DONNA E UN ANIMALE STRAVAGANTE: Os homens vistos por uma mulher inteligente e sensível

Homens
por Fernanda Montenegro

O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana.

Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem os Homens!' Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

1. Habitat

Homem não pode ser mantido em cativeiro. Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro.

Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.

2. Alimentação correta

Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã os mantém viçosos, felizes e realizados durante todo o dia.

Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.

3. Carinho

Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor.

Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.

4. Respeite a natureza

Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros? Case-se com uma Mulher.

Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.

5. Não anule sua origem

O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apóie.

6. Cérebro masculino não é um mito

Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino.

Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurônios a menos). Então, agüente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade. Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja desses, aprenda com eles e cresça.

E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens. Não faça sombra sobre ele...

Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, ela estará salvando a si mesma. E minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!

Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom! Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.

Com carinho,

Fernanda Montenegro

[Para quem não saiba, Fernanda Montenegro não é uma dondoca da socialite brasileira; Fernanda Montenegro é uma das maiores actrizes da sua geração.]

22/06/2011

Mitos (44) - a pesada herança da longa noite fascista (VII)

[Mais heranças: I, II, III, IV, V e VI]

Como os cromos situacionistas ou do reviralho conseguiam fazer provas com parêntesis dentro de parêntesis

A escola pública fascista, durante décadas o elevador de mobilidade social, foi transformada pela esquerda na escola caviar, na maioria dos casos uma fábrica de patetas diplomados sofrendo de iliteracia e/ou de inumeracia crónicas.

Presunção de inocência ou presunção de culpa?

De um lado temos o Sr. Mário Machado, o führer da Hammer-skins Portugal, que alega poder provar «quer os titulares, quer o fluxo de capitais entre 1999 e 2001 de vários familiares do ex-primeiro-ministro José Sócrates, através de contas offshore nas ilhas Caimão, na ilha de Man, em Gibraltar e no estado do Wyoming, Estados Unidos, assim como títulos de propriedade de automóveis de alta cilindrada, acções PSI-20 e imóveis em Setúbal». Do outro lado, temos a figura pública envolvida em mais trapalhadas nos últimos 100 anos (é preciso fazer a lista, outra vez?), facto, só por si, com potencial para inverter o ónus da prova numa abordagem pragmática.

Em quem acreditar? O dilema só não é irremediavelmente irresolúvel em termos práticos porque o passado da criatura acusada torna evanescente a probabilidade de ser verdadeira a sua versão.

21/06/2011

DIÁRIO DE BORDO: O exemplo vem de cima

aqui escrevemos, «nunca esquecer, mas mesmo nunca: o exemplo. Para os portugueses o mau exemplo vem sempre de cima. O bom exemplo nem por isso
  Pedro Mota Soares ministro da Solidariedade e Segurança Social chega de Vespa à tomada de posse

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Parece que ainda há gente séria no PS

Secção Res ipsa loquitur

Inesperadamente, ou pelo menos insolitamente pelos padrões a que o socratismo nos habituou, o ex-ministro da Saúde Correia de Campos reconhece que «o processo de formação do governo foi correcto e eficaz», que «o novo governo tem três estrelas» e que «Passos Coelho tem feito [quase sempre] declarações sensatas».

Merece por isso três afonsos.

[Com os meus botões: não acredito que Correia de Campos pudesse ter escrito isto se José Sócrates ainda por aí andasse a liderar o PS; é mais um benefício do acto higiénico que foi enviá-lo para Paris, à falta de dar-lhe uma guia de marcha para o inferno dos políticos.]

Lost in translation (109) – já não era sem tempo, quis ele dizer

«A saída voluntária de Sócrates foi um acto de bom senso e abriu a porta a dois candidatos a líder que têm a vantagem de ser pessoas inteligentes, experientes e honestas. Não se irão zangar, penso, qualquer que seja o resultado. Julgo até que serão capazes de colaborar, como é conveniente que façam», escreveu Mário Soares na Visão no rescaldo das eleições de 5 de Junho e da demissão de José Sócrates.

Aprecie-se, em particular, a «vantagem» que os putativos substitutos de José Sócrates apresentam: «pessoas inteligentes, experientes e honestas». Vantagem em relação a quem?

20/06/2011

Um caloteiro sem vergonha (2)

[Continuação deste calote]

No final do ano passado, já aqui se tinha estimado em 2 mil milhões só a dívida relativa a despesas de saúde não contabilizadas, por cortesia da troika Sócrates-Teixeira dos Santos-Ana Jorge.

A outra troika, incluiu no MoU o levantamento completo dos pagamentos em atraso. O Expresso estima em 2,3 mil milhões só na área da Saúde e da Construção. Receio que não chegue.

Seja como for, obrigado ó troika.

DIÁRIO DE BORDO: So far so good (2)

[Continuação de (1)]

Já esclareci serem baixas as minhas expectativas relativamente ao novo governo, apesar de incomensuravelmente mais altas do que as que tinha em relação ao anterior.

Olhando para os 12 indigitados ministros, incluindo o PM, parece haver só um terço de profissionais da política. Os restantes têm uma vida, digamos assim.

Com excepção de Paulo Portas (social-centrista mutante em que não aposto, esclareço já), três têm uma experiência governativa limitada e todos os outros não têm nenhuma. Concluo que no conjunto a responsabilidade deste governo pelo estado em que nos encontramos é também limitada. A sua falta de experiência na condução do país para a falência alivia-me.

Não há representantes do baronato PSD e em particular da tralha cavaquista, co-responsável pela desgovernação das últimas décadas e pelo atrelar deste partido à causa do cavaquismo.

Os ministros das finanças e da economia aparentemente não fazem parte dos lóbis da banca do regime, do betão do regime e, em geral, não parecem ter ligação ao complexo político-empresarial socialista.

Tudo razões que, por agora, me reconfortam.

Premonição (ou, talvez melhor, pré-munição):
Parece que estou a ouvir o bullshit da intelectualidade bem pensante, uns a apontarem o dedo aos falcões neo-liberais (onde estão eles que bem falta fazem?) e outros a queixarem-se da falta do primado da política, como se tratar de reduzir a despesa pública (isto é o tamanho do estado napoleónico-estalinista), o défice e a dívida pública pletóricos, que estão a transformar o país num protectorado franco-alemão, não fosse eminentemente político.

Ah, já quase esquecia:
Este governo não tem cromos nascidos nos 40s e nos 50s.

Declaração de interesse:
Sou um cromo nascido nos 40s.

19/06/2011

Mitos (43) - a pesada herança da longa noite fascista (VI)

[Mais heranças: I, II, III, IV e V]

«O Expresso pediu a nove alunos do 9.º ano que fizessem a prova de Matemática de 1962. Só um teve positiva.» Por coincidência (?), trata-se de um aluno de «cincos».

Perante isto, o Expresso interroga-se: «O ensino piorou? Não necessariamente. A questão é controversa – mas a verdade é que nunca houve exames sem polémica». Talvez, acrescentou eu. Porém, seguro é que tem havido cada vez mais polémica com cada vez menos exames.

Quem não tem dúvidas são alunos e professores cujo «diagnóstico» é «consensual»: «É uma prova muito teórica, com expressões muito complicadas, parêntesis dentro de parêntesis, que obrigam que os alunos estejam meia hora a fazer um exercício».


Exemplo de tortura infligida pelo fascismo aos alunos do 9.º ano
 
Eu também não tenho dúvidas, até porque em 1962 já tinha sido submetido 2 anos antes àquelas provas com parêntesis dentro de parêntesis com que se torturavam os ainda tenros neurónios e sinapses dos adolescentes. Coisas do fascismo. Felizmente evoluímos e hoje num teste do 9.º ano apenas se exige aos catraios que saibam contar até 8. Exemplo:

«O sistema solar é constituído pelo Sol e pelos corpos celestes que orbitam à sua volta. Actualmente, considera-se que os planetas que fazem parte do sistema solar são Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Em 2006, Plutão deixou de ser classificado como um planeta, embora continue a fazer parte do sistema solar.
Actualmente, considera-se que o sistema solar é constituído por quantos planetas?»

18/06/2011

CASE STUDY: Dissecando a mente de um grande aldrabão

Logo se vê

«Os assobios a José Sócrates nas comemorações do 10 de Junho, no seu próprio distrito, conduziram-me irresistivelmente a um almoço que tivemos em 2003, no restaurante Pabe.

António Guterres demitira-se uns meses antes, Sócrates saíra com ele do Governo e Durão Barroso era na altura o primeiro-ministro.

Dizia-me então José Sócrates nesse almoço: «Na política não há gratidão. Veja o que aconteceu ao Guterres: deu o seu melhor pelo país e hoje tem toda a gente a atacá-lo. E vai acontecer o mesmo ao Durão Barroso. Por isso, a actividade política não está no meu horizonte. Vou para Londres tirar um mestrado, e nos próximos tempos dedicar-me-ei por inteiro à vida universitária».

Era uma revelação extraordinária e eu acreditei cegamente nela.

Como Sócrates não pediu segredo sobre o conteúdo da conversa, quando cheguei à redacção comuniquei as suas intenções à jornalista que tinha a seu cargo o acompanhamento do Partido Socialista (a Cristina Figueiredo), que retorquiu: «Não pense nisso! Toda a gente no círculo próximo de Sócrates sabe que ele está a preparar a candidatura à liderança. Está tudo pronto para que, quando o Ferro Rodrigues cair, ele avance».

Insisti.

Não era crível que, num encontro a sós, sem qualquer motivo aparente para não falar verdade, Sócrates me dissesse exactamente o contrário do que estava a planear fazer.

Fiquei, portanto, na minha - e a jornalista ficou na dela.

Mas era ela quem estava certa: passados uns meses, Ferro demitia-se da liderança do PS, Sócrates candidatava-se e ganhava com grande à-vontade. Seis meses depois seria primeiro-ministro.

Nunca, nos meus contactos com políticos, encontrei uma pessoa assim: que me tenha iludido tão completamente.

Mas, por ironia, Sócrates naquele almoço também antecipou o seu futuro.

Disse que ia afastar-se da política para não sofrer a ingratidão dos seus concidadãos - e no fim do seu reinado está a ouvir os apupos dos portugueses, entre os quais os da própria terra onde cresceu e se fez homem!

Seria duro - caso ele não estivesse preparado para isso.

Mas está, como todos os homens que se habituam a viver de expedientes e enganos.

Um companheiro de juventude de Sócrates contou-me recentemente histórias reveladoras a seu respeito.

Sempre foi desenrascado, chegava muitas vezes tarde ao emprego e saía cedo, e era adepto da teoria do 'logo se vê'.

Fazia e dizia o que mais lhe convinha fazer ou dizer em cada ocasião - e depois 'logo se veria' o modo de sair da enrascadela.

Como primeiro-ministro, também foi isso que sempre fez.

Dizia o que mais lhe interessava em cada momento, às vezes mentia, empurrava os problemas para a frente na certeza de que se resolveriam - e a verdade é que isso funcionou durante seis anos.

Recorde-se que, antes de subir ao poder, prometeu que não aumentava os impostos - e subiu-os logo que lá chegou; mais tarde baixou o IVA e aumentou os funcionários públicos em período eleitoral, deixou disparar o défice, acumulou dívida para além do limite do tolerável e adiou ao máximo o pedido de ajuda externa.

Apostou sempre no 'logo se vê'.

Só que chegou a um ponto em que se viu encurralado e sem margem para fugir por lado nenhum.

Outra revelação foi que Sócrates, em jovem, se alojava no hotel da sua própria terra.

Os pais estavam separados - e ele, em vez de ir para casa de um ou de outro (ou para casa de tios ou avós, como era hábito na época), instalava-se como grande senhor no hotel da vila, mostrando que nem todos são iguais.

E quando chegou à idade de conduzir comprou um Mercedes, em que se passeava pelas ruas do burgo e no qual ia em viagem ao estrangeiro, provocando a inveja dos que andavam a pé ou de bicicleta.

Estas pequenas histórias dão-nos um bom retrato do ainda primeiro-ministro e explicam muito do seu comportamento: exibicionista, desenrascado, pouco confiável, capaz de dizer uma coisa estando a planear fazer outra diferente.

Por outro lado, se Sócrates foi lúcido ao perceber que as carreiras políticas têm muitas vezes um final infeliz, não soube resistir ao apelo do poder e sofreu aquilo que dizia querer evitar.

O que me custa a entender é que uma pessoa com estas características tenha sido apoiada durante tanto tempo por tanta gente de bem.

Com excepção de Campos e Cunha e Freitas do Amaral, todos os seus ex-ministros o defenderam até ao fim, mesmo aqueles que foram maltratados, como Teixeira dos Santos, ou demitidos sumariamente, como Manuel Pinho e Correia de Campos.

Porquê?

Porque todos sabiam que, quando Sócrates caísse, o PS sairia do poder - e os lugarzinhos (ou lugarões) que Sócrates lhes oferecera ficariam em risco?

Será isto?

Será que as pessoas hoje já só se movem por interesses e por lugares?

P.S. - Noticiou-se que Sócrates vai para Paris estudar Filosofia. Esta notícia recordou-me a 'ida' para Londres em 2003, que acima descrevo. Alguém acredita que Sócrates ficará em Paris cinco anos sem ordenado? Para isso, precisaria de ter herdado uma fortuna ou de ter ganho nos últimos seis anos um vencimento que lhe tivesse permitido poupar murrito dinheiro. Até porque a vida em Paris é caríssima…»

António José Saraiva, no jornal SOL de 17-06-2011

Algumas reflexões que este artigo de António José Saraiva me suscita:

Como é possível um homem político como José Sócrates ter tido até ao fim uma apreciação positiva de uma percentagem significativa dos portugueses? Creio haver diferentes ordens de razões para três tipos de admiradores. A primeira, aplicável provavelmente à maioria, já foi várias vezes referida aqui no (Im)pertinências – como observou Sobrinho Simões, os portugueses têm uma secreta admiração pelos grandes aldrabões. A segunda é a admitida por Saraiva: a defesa de lugarzinhos (ou lugarões). A terceira é pura e simplesmente cegueira fundamentalista doutrinária – tal como os comunistas apoiaram cegamente José Estaline, ora negando as suas atrocidades, ora justificando-as como inevitáveis para a defesa do comunismo e o combate ao capitalismo, também este tipo de admiradores de Sócrates vê as mentiras, os golpes e as políticas desastrosas da criatura como inevitáveis para a defesa do «Estado Social» e o combate àquilo que chamam neo-liberalismo, ultra-liberalismo ou simplesmente liberalismo. Não lhes ocorrendo em nenhum momento que o «Estado Social» de que Sócrates fala está irremediavelmente falido, em boa parte em resultado das suas políticas, a maioria destes crentes terá de ser pateta, e nalguns casos, e eu conheço alguns, são patetas ilustrados.

Possivelmente os admiradores sobreviventes de José Sócrates classificarão estes e outros escritos críticos, nalguns casos demolidoramente críticos, do objecto da sua admiração como assassínios de carácter, uma expressão inventada, salvo erro, por um dos mestres de Sócrates – o inefável Guterres. Não é exacto, porque para haver assassínio teria de haver um carácter, manifestamente inexistente na criatura.

Interroga-se Saraiva sobre a impossibilidade de Sócrates viver em Paris sem ordenado. Esquece-se de outras impossibilidades financeiras ultrapassadas sem dificuldade pelo homem. E esquece-se dos serviços prestados ao complexo político-empresarial socialista, sem esquecer uma provável expectativa de serviços futuros.

Uma outra reflexão é a que respeita ao interesse público de certos aspectos da vida privada dos políticos e em relação a isso remeto para este post do Pertinente, que assino por baixo. E, finalmente, a última reflexão relaciona-se com a importância de compreender o passado para melhor prever e influenciar o futuro também aqui já tratado pelo Pertinente, dando como exemplo um hipotético regresso de um Sócrates branqueado pela filosofia parisiense. Logo se vê.

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: E que dizer dos socialistas portugueses?

«Unlike parties of the left in Britain or Germany, France’s Socialists have yet to digest the sour reality that wealth needs to be created before it can be distributed».
[Damned, Economist de 21-05]

17/06/2011

SERVIÇO PÚBLICO: A política energética do socratismo é um perfeito disparate

Se o A Causa foi modificada fosse um blogue normal, bastaria fazer um link para este post e escrever que é o libelo melhor fundamentado (e pior escrito) que se publicou este ano contra a política energética do socratismo e recomendar a sua leitura. Acontece que o dito tem o péssimo costumo de apagar periodicamente os posts e tanto mais depressa quanto maior o interesse desses posts. Por isso, sou compelido a transcrever uma parte substancial da prosa incluindo erros.

«Existe um pressuposto de que os combustíveis fósseis se vão esgotar no futuro próximo. Como é óbvio, nem o carvão, nem o petróleo, nem o gás natural alguma vez vão acabar. O que vai acontecer e como o Tiago Julião Neves aliás concorda, é que, gradualmente, quer por progressiva escassez destes e consequente subida do seu preço de mobilização energética, quer por o avanço tecnológico tornar mais barata a produção a partir de fontes reno-sustentáveis, os agentes económicos vão encaminhar-se naturalmente para os modos de produção reno-sustentáveis. É uma questão de tempo, e a lógica da batata é muita clara: não é necessário o esforço ou a visão de ninguém para que voluntariamente as pessoas mudem para aquilo que custa menos a produzir e a comprar.

O mais provável é passarmos por um período prolongado em que as fontes fósseis de energia e as fontes reno-sustentáveis, por factores tão diversos como pormenores tecnológicos, geograficos, culturais, políticos ou de mero acaso, ganhem alternadamente o centro do ring, mas é certo que as energias reno-sustentáveis um dia farão o KO aos combustiveis fósseis. É pois a altura certa para deixar bem claro o que nem sempre é compreendido nesta questão (e, mais uma vez, acho que este não é o caso do Tiago); ninguém, em parte alguma, é contra as energias renováveis e sustentáveis; é-se, tão somente, contra uma política que, num país como o Portugal, utilize a subsidiação estatal para a sua mais rápida adopção como fonte de energia.

A espaços, a ciência económica é como a ciência geofísica da previsão sísmica: compreende e conhece que as merdas vão acontecer, só não sabe dizer quando. Acresce que, neste caso, também não se sabe exactamente como. Daí que nos questionemos: porquê tentar adivinhar? O engenheiro José Sócrates e defensores como o Tiago Julião Neves, misteriosamente, afirmam não só que sabem quando vai acontecer (proximamente, muito proximamente), como como vai acontecer. E vai daí, hipotecam uma parte dos recursos deste abastado país numa raspadinha de contornos ecológicos erotizada com tecnologia de ponta e inovação.

Tudo isto não deixa de ser espantoso. Quem lê a mais básica, sucinta e genial publicação de tecnologia e ciência que por aí anda (o suplemento do The Economist "Technology Quartely") questiona-se como é que um engenheiro da extinta Universidade Independente consegue, quando confrontado com o furação katrina de inovações que neste momento estão a emergir dos laboratórios da América, da Europa, da China e do Japão, condenar o seu país a um futuro que, por enquanto, ninguém sabe que caminhos vai tomar. Países como a Alemanha, ainda antes de salvar o Euro e a União Europeia, podem dar-se a esse luxo; mas e nós: fará sentido provocar um tamanho efluxo de euros quando ainda nem toda a população temos ligada a uma rede de esgotos?

Porque ao se comprar e subsidiar, por exemplo, uma torre eólica ou um painel solar com as tecnologias ineficientes de hoje, o que se está efectivamente a fazer é a impôr a um país pobre uma tecnologia mais cara do que as alternativas disponíveis, tecnologia essa que será ultrapassada no futuro próximo por outras que, então sim, transformarão o vento e o sol em energias rentáveis, tudo isto ao preço de ficarmos a pagar durante anos e anos em dominó os juros de termos pedido financiamento para uma tecnologia que entretanto ficou obsoleta. É bonito, não é? Mas, pergunto de outra maneira: porque não esperar?

Por esta altura o Tiago Julião Neves insiste no que me parece ser um argumento desmedidamente falacioso, para não dizer pior: a de que esta política tem a seu lado vantagens como "a geração de emprego, criação de riqueza, redução de importações, fomento de exportações, redução de emissões, apoio à inovação e desenvolvimento tecnológico". Mas esta merda faz algum sentido, caralhos ma'fodam? Não se poderá diagnosticar estas mesmas vantagens sempre que se injecta artificialmente (quero dizer: suprindo o seu deficit em relação ao respectivo mercado natural) dinheiro na criação de uma industria, qualquer que ela seja, desde a produção de patinhos de plástico amarelos até à produção de dildos de plástico vermelhos?

Não percebo como é que não se compreende uma coisa, que é simples como as ventas de mediocre do António José Seguro: quando, centralizadamente, se subsidia a produção de um bem, está-se a retirar informação e diversidade ao sistema, e assim a limitar a sua capacidade de adaptação às circunstâncias que por definição são irreconhecíveis antecipadamente ao homem, e a substitui-la pelas possibilidades de um único cérebro (que, relembro, no caso é o do Eng. José Sócrates).

E dá-se o caso que a incerteza que hoje existe em relação ao futuro energético da humanidade tem origem não apenas no caminho que as tecnologias de produção energética vão tomar, como também nas tecnologias de poupança e eficiência. Ora, quando os argumentos principais para a aposta nas reno-sustentáveis é a inovação tecnológica, diminuição da dependência exterior e os beneficios ambientais, o mais lógico seria esbanjar dinheiro em tecnologias de poupança energética, e não de produção.

O raciocínio é infantil de tão lógico: perante a incerteza, poupança há-de ser sempre contabilizada como poupança, qualquer que seja o futuro tecnológico que se considere; pelo contrário, se, por vississitudes que nem o engenheiro José Sócrates consegue antecipar (é possível, é possivel que ele não veja todo o futuro), o carvão ficar mais 50 anos ao preço da chuva, o vento for desbaratado por um avanço na transformação do fotões em energia témica, ou vice versa, ou o nuclear tiver uma solução para os seus problemas, ou...., ou....., ou...., os investimentos que tiverem sido canalizdos para os cavalos perdedores terá sido, rigorosamente, dinheiro deitado ao lixo.

Podemos dar-nos a este luxo alemão? Não podemos (que eu estive ali a fazer as contas e não podemos). Deveríamos gastar o dinheiro que decidamos ter para aventuras de "inovação" em arquitectos e engenheiros que saibam aplicar e desenvolver tecnologias que reduzam o consumo energético dos edificios (a este propósito, o Tiago Julião Neves que dê uma olhada às escolas sujeitas às sevícias - bem, aqui estou a exagerar - da Parque Escolar, uma das bandeiras deste governo; é de vómitos, de vómitos), em métodos e sistemas de produção industrial e agrícola que reduzam as facturas de combustivel, electricidade e fertilizantes, em um ordenamento do território que racionalize os fluxos de pessoas e matérias primas, etc, etc, etc

16/06/2011

DIÁRIO DE BORDO: So far so good

As minhas expectativas são relativamente baixas (o Pedrinho dos Jotas, o Paulinho das feiras, as máquinas por trás deles, etc.) e, por isso, só o  terem chegado a um acordo programático (OK, eu sei, o FMI/BCE/CE já tinha a coisa quase toda escrita), aparentemente terem chegado a um governo, sem as fugas do costume, com um ministro das Finanças independente e o facto de se falar de nomes de gente séria e competente, tudo isto, sendo pouco, já me alivia (um pouco).

Porque sabem os economistas tão pouco nada de economia?

«Na sua ânsia de imitarem a física, não só os economistas académicos procuram uma teoria geral unificada, como, ao invés dela, julgam tê-la descoberto. E é isso que ensinam a gerações de jovens desprevenidos.

Os alunos aprendem logo no primeiro ano que a instituição de um salário mínimo cria desemprego. Mais tarde, ao nível pós-graduado, será confidenciado aos poucos que lá chegarem que, à luz da evidência disponível, essa proposição é tudo menos certa. Nessa fase do processo de doutrinação, porém, eles já estarão pouco disponíveis para questionar os dogmas da profissão. Quanto aos que não atingiram esse patamar, virão cá para fora de boa-fé papaguear a pseudo-ciência que lhes foi ministrada.

Os economistas empregam-se sobretudo no estado, nos bancos, na universidade e na televisão. As duas últimas ocupações devem ser consideradas normais, pois alguém deve explicar aos mortais que, por muito mal que as coisas corram, vivemos no melhor dos mundos, apenas perturbado pela inoportuna intervenção de políticos condicionados pelo voto popular. O fascínio dos economistas pelos bancos também não causa estranheza: afinal, como lapidarmente proclamou o assaltante Willie Sutton, "é lá que está o dinheiro".

Já é mais difícil entender-se o que fazem tantos economistas - de facto, a larga maioria deles - a trabalhar no estado, tendo em conta a sua paixão pelo mercado e pelo setor privado e a aversão instintiva que lhes desperta o setor público. Os economistas amam loucamente o mercado livre, a concorrência sem freios, o empreendedorismo audaz e a globalização absoluta - mas só de longe. Dir-se-ia que temem repetir o desapontamento dos Hebreus antigos quando, depois de vaguearem décadas pelo deserto em busca da Terra Prometida, acabaram por descobrir que, afinal, lá não brotavam das pedras o leite e o maná


[Por que é que os economistas aparentam saber tão pouco sobre a economia?, João Pinto e Castro no Negócios online]

15/06/2011

Pro memoria (30) – Saberá do que está a falar?

Tomemos nota para memória futura que António Costa, putativo futuro candidato a secretário-geral do PS, quando os Seguros ou os Assis se tiverem evaporado durante a travessia do deserto, garantiu que «o PS honrará, assim, o que está no memorando do entendimento, que é compromisso internacional do Estado português». Acrescentando, à cautela, «para além disso - ou seja, aquilo que é a visão radical que o PSD tem, a partir do seu programa - não haverá naturalmente o apoio do PS».

Não convém tomar à letra estas palavras porque, a exemplo do ainda secretário-geral que parecia desconhecer o conteúdo do memorando, como se tornou evidente à volta da questão da taxa social única, também Costa pode não dominar bem a matéria. Como se poderia ter concluído quando, em meados de Março, para salvar a cabeça de Sócrates, ofereceu a de Teixeira dos Santos numa bandeja quando este anunciou medidas de austeridade mais suaves do que as que agora diz que PS honrará. Anúncio que Costa classificou com uma «comunicação do ministro das Finanças … (que) ficará certamente para a história como a mais desastrada e desastrosa que alguma vez foi feita em Portugal, se não mesmo no hemisfério Norte, de todos os pontos de vistas».

Infelizmente, Costa também não explicou qual é a diferença, «radical» pelos vistos, entre o memorando e o programa do PSD.

14/06/2011

DIÁRIO DE BORDO: Reestruturar a dívida pública – um esclarecimento idealmente inútil…

… a propósito do último post e de outros publicados nos últimos meses sobre este tema. Se a confusão de desejos com realidades e de previsões com propósitos não fosse tão frequente, este esclarecimento seria inútil. Não defendo a reestruturação da dívida, ou seja não considero que Portugal tenha o direito de forçar os credores a uma qualquer combinação de reescalonamento das maturidades, redução de juros ou haircut. Pelo contrário, considero que a reestruturação da dívida provocará danos na credibilidade do país, danos não recuperáveis em menos de uma década.

Simplesmente prevejo que nos próximos anos o serviço da dívida pública portuguesa se tornará gradualmente insuportável para a economia portuguesa e isso levará os credores a aceitarem como inevitável uma reestruturação como a única via de garantirem com uma probabilidade razoável uma parte dos seus créditos.

CASE STUDY: Here we are, still (4)

[Continuação de (1), (2) e (3)]


Se os mercados não pareciam dias antes das eleições preocupados com o despedimento do querido líder, verdade seja dita, também não parecem impressionados com a nova maioria. Por uma boa razão: por muito bem que a nova maioria venha a governar (e, se o passado é um bom indicador do futuro, devemos moderar as expectativas), os investidores especuladores continuam a antecipar a incontornável reestruturação da dívida. Exageram, dir-se-ia. Nem por isso, olhemos para o gráfico seguinte publicado, nem de propósito, hoje mesmo pelo Desmitos, e é visível a drenagem de recursos financeiros que os juros representam nos próximos anos - um TGV e meio por ano. Ficam peanuts disponíveis para amortizar a dívida e já nem se fala no luxo de investir para crescer (e pagar a dívida).

13/06/2011

Lost in translation (108) – temos de rectificar estes resultados eleitorais, pensou ele

Quando Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP e profissional dos sindicatos há quase 40-anos-40, diz «não basta uma maioria aritmética. “É preciso uma maioria social”» quer dizer o quê? Provavelmente como todos fiéis das doutrinas jacobinas, quer dizer que gostaria de rectificar os resultados das eleições em conformidade com a vontade da «maioria social». E quem constitui essa «maioria social»? Os trabalhadores, claro. E os trabalhadores que quiseram manifestar a sua vontade não a exprimiram, votando? Perguntarão os cépticos. Nem todos e muitos dos que votaram não estavam «esclarecidos» e, portanto, a «maioria social» ou não votou ou não exprimiu a sua «verdadeira» vontade. E quem conhece essa «verdadeira» vontade? Obviamente os representantes dos trabalhadores (conhecidos por vanguarda da classe operária quando Carvalho da Silva debutou nas lides sindicais).

CASE STUDY: O estranho caso dos pepinos espanhóis …

… que afinal parecem ser rebentos de vegetais cultivados numa quinta de agricultura biológica perto de Hanover contaminados pela bactéria E. coli, causadora de 3 dezenas de mortes, põe em causa duas ideias feitas. A primeira ideia feita é universal: os produtos da agricultura biológica são por definição mais saudáveis do que os da agricultura convencional. A segunda ideia feita é sobretudo alemã e, para ser exacto, teve um hiato entre o fim da II Guerra e a passagem à reforma da geração que a sofreu: a mente alemã é sempre rigorosa e científica e não se deixa contaminar pela xenofobia mais esdrúxula.

12/06/2011

Mitos (42) – a vida privada dos políticos não interessa; só interessa a sua vida pública

Diferentemente do mito «o passado não interessa», o mito «a vida privada dos políticos não interessa» é transversal a todas as doutrinas. É mais um mito de origem cultural, típico das culturas mediterrânicas e, por via da colonização portuguesa e espanhola, exportado para a América do Sul.

O seu fundamento «teórico» poderia basear-se na premissa de uma espécie de desdobramento de personalidade permitir aos políticos serem nas suas vidas privadas umas criaturas sem escrúpulos ou nas suas vidas profissionais profundamente incompetentes e desonestos e em ambos os casos inconfiáveis, e, ao mesmo tempo, serem movidos pelo «interesse público» e prosseguirem incansavelmente o bem dos cidadãos. Poderia basear-se. Contudo, suspeito que, em vez disso, na prática se fundamente na hipocrisia corrente nas sociedades que aceitam a duplicidade moral como um padrão de vida social, como as sociedades mediterrânicas.

Seja como for, ao contrário, os factos mostram que se muitas criaturas praticam a duplicidade de facto e sofrem de duplicidade moral, à esmagadora maioria não lhe poderá ser diagnosticado desdobramento de personalidade e a sua vida privada é um excelente indicador do que é ou será a sua vida pública. Efectivamente, é arriscado esperar de um político vigarista a prossecução de políticas de interesse social, como não se pode esperar de um mentiroso compulsivo o respeito de padrões de transparência e prestação pública de contas.

Aliás, não será por acaso que, por tradição, os cargos públicos e os cargos privados em órgãos societários se exige um certificado de registo criminal, tornado quase inútil pela ineficácia das polícias e da justiça e, sobretudo, pela tolerância face aos comportamentos publicamente censuráveis, mas em privado aceitáveis.

«Somos demasiado tolerantes, disse Sobrinho Simões, somos condescendentes, no mau sentido, aderimos mais ao tipo que viola a lei do que ao polícia. Temos afecto pelo fulano que faz umas pequenas aldrabices, admiramos secretamente os grandes aldrabões, não punimos os prevaricadores. Na verdade somos contra a autoridade.» Por isso dizemos não interessar a vida privada dos políticos, ao mesmo tempo que adoramos espreitar pelo buraco da fechadura o que eles nela fazem, nos domínios menos relevantes para sua vida pública.

11/06/2011

Mitos (41) - o passado não interessa; só interessa o futuro

Este é um mito recorrente por parte dos socialistas para branquear os anos dos governos de Guterres e, sobretudo, dos governos de Sócrates. Percebe-se sem dificuldade.

Já é mais difícil perceber quando o mito é adoptado pelos pragmáticos desafectos do socialismo que acham não valer a pena considerar o passado. Como se o nosso passado não condicionasse o nosso futuro. Tem-lo feito e, até agora pelo menos, com tanta eficácia que os sucessivos futuros não têm sido mais do que reedições dos pretéritos passados com as inevitáveis adaptações às ideias dominantes da época. O republicanismo nas 3 primeiras décadas do século passado. O corporativismo nas 3 décadas seguintes. Os socialismos nas suas múltiplas encarnações nas décadas seguintes. O colectivismo e a inevitável presença sufocante do estado, sempre.

Até a nível pessoal o passado é decisivo. Esqueçam o passado do querido líder José Sócrates, deixem-no ir para Bruxelas representar os interesses do PT brasileiro ou ir para Paris fazer um ano sabático e estudar de filosofia, segundo as versões respectivamente do SOL e do Expresso, e ele voltará branqueado dos Cova da Beira, dos Héron Castilho, dos cursos terminados ao domingo, do inglês técnico, dos Freeport, dos Face Oculta, das compra da TVI, dos Taguspark-Figo, das lendárias mentiras com que nos insultou durante 6 anos e, sobretudo, das suas históricas realizações: maior desemprego dos últimos 90 anos, maior dívida pública dos últimos 160 anos, mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos, maior dívida externa dos últimos 120 anos, mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos, segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos. Voltará branqueado e pronto a assumir de novo a liderança do PS, depois de varridos os restos carbonizados dos Assis ou dos Seguros.

Post scriptum
Estão a dizer-me que Sócrates não voltará e, por isso, será perda de tempo escalpelizar as suas vilezas. O José Sócrates poderá não voltar, mas onde foi fabricado o José tem lá muitos mais sócrates prontos a usar.

10/06/2011

DIÁRIO DE BORDO: 10 de Junho, dia negro da exclusão social (REPUBLICADO)

Já não falo mais do meu caso. Apesar das minhas críticas vitriólicas à Nação, não deixo de ser um seu filho, pródigo, mas Filho malgré moi. Mas vou estoicamente esquecer o meu caso. Aceito, rendo-me, desisto de lutar por uma Comenda.

Mas que dirão uns milhares de Portugueses que nunca mereceram uma atenção no 10 de Junho? Que devem pensar esses excluídos, a quem nunca um Venerando Chefe de Estado prantou uma Comendazinha no peito? Desde que foi instituído o Dia da Pátria, por coincidência no mesmo dia consagrado pelo fassismo à raça, já passaram por Belém Generais, Marechais, Doutores, Professores, uns Republicanos, outros fassistas, ainda outros Democratas ou Socialistas ou Social-democratas e esses milhares de excluídos continuam à espera, impacientes.

Esperava que o professor Cavaco, que inscreveu no seu Pograma o Combate à Exclusão, erradicasse esta mancha do Estado Social. Imaginei que … finalmente tínhamos um critério claro e inequívoco - o Venerando iria a partir de agora condecorar, Concelho a Concelho, ou Distrito a Distrito, quem sabe?, as Forças Vivas Concelhias ou Distritais. É certo que, mesmo sendo o Distrito a unidade escolhida, o Venerando precisaria de 4 Mandatos, mas sempre se poderia alterar a Constituição da República, por uma Boa Causa. Se os neo-liberais admitem alterá-La para abolir os Direitos Adquiridos, porque não alterá-La para aumentá-Los - os do Presidente (o Direito a condecorar) e os dos Cidadãos (o Direito a serem condecorados)?

E as quotas? Para as Portuguesas, para não ir mais longe.

[Com pequenas alterações este post já foi publicado em 2006 e 2009. Falta de inspiração? Talvez. Contudo, a meu favor invoco que nestas áreas da mitologia patriótica a tradição ainda é o que era e, por isso, não há nada de novo a dizer.]

09/06/2011

BLOGARIDADES: Serviço público pro bono

Uma das coisas mas irritantes quando se navega na blogosfera é esperar que uma página pesada se escoe lentamente pela fibra óptica mais rápida de sempre.

O site Numion permite calcular o tempo necessário para carregar uma webpage. À guisa de serviço público, fiz o teste para os meus blogues mais frequentados e os resultados em segundos são os seguintes:
(*) Recebi a seguinte mensagem do Explorer: “o publicador deste conteúdo não permite a sua apresentação numa frame”. Não faço ideia do que seja, mas parece-me um indício de obsessões persecutórias.

Os interessados em obter now-how? para tornar leve o pesado podem dirigir-se ao consultório do (Im)pertinências que mediante um fee apropriado dará umas dicas. Em contrapartida de um módico suplemento, as dicas podem incluir a leveza dos conteúdos, por exemplo: como transformar posts redondos com prosa rebarbativa e gongórica em posts acutilantes, como evitar manifestações gratuitas de erudição e conseguir com um pouco menos de erudição muito mais humor, como redigir um post elaboradíssimo com um estilo aparentemente espontâneo, cuidadosamente descuidado e salpicado de erros ortográficos, de pontuação e outros (consultoria em colaboração com maradona), etc.

08/06/2011

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Comecemos por privatizar a banca do regime

«Antes da privatização da Caixa Geral de Depósitos, sugiro que se proceda à privatização da restante banca. Deve-se começar pela privatização do BES, eliminando todas as participações públicas e todos os empréstimos públicos a empresas e accionistas do grupo Espírito Santo. Depois deve ir o BCP. O Estado deve retirar todos os apoios, empréstimos e participações que possui no BCP e junto dos seus accionistas. No final desta fase de privatizações a CGD deve ficar proibida de deter particicipações em bancos portugueses e de suportar financeiramente os seus accionistas

[João Miranda no Blasfémias]

Lost in translation (107) – pobretes mas alegretes, recomendou ele

Depois de ter dado um importante contributo durante 6 anos para a estagnação da economia portuguesa, o melhor dos piores pior dos melhores das Finanças da Zona Euro, dedica-se à filosofia e, baseado na sua experiência e nalgum recalcamento freudiano, perora aos africanos presentes na reunião anual do Banco Africano de Desenvolvimento: «importa ter presente que elevadas taxas de crescimento não são necessariamente sinónimo de desenvolvimento e muito menos de um desenvolvimento que seja sustentável».

[By the way, alguns dos africanos que escutaram o ministro dos défices em movimento perpétuo têm sido a salvação do comércio de luxo lisboeta]

O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: We did it


[Enviado por FM]

07/06/2011

Conversa fiada (7) – o pior governo desde a senhora dona Maria II passa TPC ao novo governo

Não é extraordinário que o melhor dos piores pior dos melhores ministros das Finanças que andou a enrolar os défices durante anos, que aguentou em silêncio as piores ignomínias e insultos daqueles a quem serviu, que pretendeu mistificar a opinião pública sobre as medidas do MoU, venha agora, no final de um mandato vergonhoso, «marcar "trabalho de casa" para o novo Governo»?

DIÁRIO DE BORDO: Pensamento do dia

«O jornalismo alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas

Andrew Oitke, Mental obesity

06/06/2011

E agora? Estará Passos perdido?

O mais fácil está feito: ganhar 600 mil votos e conseguir uma coligação claramente maioritária para governar quatro anos.

A seguir vem o mais difícil: montar um governo coeso, sólido e competente, sem diletantes nem primas donas; manter sossegada uma legião de candidatos a sinecuras e tenças apenas um pouco mais pequena do que a do PS, com poucos lugares para os apaziguar; manter açaimado o baronato ferozmente opinativo e convencido que «este» PSD não os merece (veja-se o contraste entre um PS caladinho e cerrando fileiras, até ao fim, à volta do querido líder e um PSD com diarreia verbal e serrando as fracas fileiras à volta do líder tolerado); não se assustar com as maninfestações a caminho, a toda a força; não pactuar com as clientelas empresariais órfãs de Sócrates; nunca, mas mesmo nunca, perder o norte (ou o sul, se preferirem), manter-se focado no curto prazo, sem perder de vista o médio prazo (a longo prazo, nestas circunstâncias, Keynes tem razão – estamos todos mortos).

Boa sorte.

Impertinente ..............................................Pertinente

Post scriptum
Nunca esquecer, mas mesmo nunca: o exemplo. Para os portugueses o mau exemplo vem sempre de cima. O bom exemplo nem por isso. Porém, não chegando, é meio caminho andado. Aboli as estórias mal contadas e os abusos da posição privilegiada, limpai os armários e tirai deles os esqueletos. Prestais contas e sede transparentes.

05/06/2011

Declaração (im)pertinente de voto – só se pode escolher o que está à escolha

Entre uma criatura com apartamento no Héron Castilho comprado através de uma offshore, ninguém sabe com que dinheiro, e outra com um apartamento em Massamá, comprado com dinheiro emprestado pelo banco, optamos por Massamá.

Entre um cábula com um curso terminado ao domingo numa universidade entretanto encerrada, com um diploma falsificado, e um aluno médio de uma universidade de segunda linha, escolhemos este.

Entre um sujeito cuja curta vida profissional consistiu em assinar projectos de horrorosas casinhas na Covilhã e outro com trabalhos e cargos variados, aparentemente banais mas decentes, optamos pelos cargos variados.

Entre um cidadão sobre o qual impendem suspeitas de corrupção, em casos que vão desde a Cova da Beira até ao Freeport, suspeitas de tal monta que só talvez a sua mãe e os devotos sem um módico de discernimento acreditam na inocência, e outro cujo caso mais comprometedor no seu passado, encontrada pelos zelosos serviços da central de manipulação do primeiro, foi uma coima por contaminação ambiental duma empresa da qual tinha sido administrador, escolhemos o segundo.

Entre um mentiroso compulsivo, destituído de todos os vestígios de vergonha e de escrúpulo, e alguém que possivelmente diz meias-verdades quando a verdade lhe é inconveniente, escolhemos este.

Entre um político que enche a boca com o ensino público e matricula os filhos no ensino privado (Colégio Alemão e Colégio Moderno) e um político que defende o ensino privado e matricula dos filhos no ensino público, opto pelo segundo.

Entre alguém cuja experiência governativa conduziu ao maior desemprego dos últimos 90 anos, à maior dívida pública dos últimos 160 anos, ao mais baixo crescimento económico dos últimos 90 anos, à maior dívida externa dos últimos 120 anos, à mais baixa taxa de poupança dos últimos 50 anos, segunda maior taxa de emigração dos últimos 160 anos e alguém que não tem experiência governativa, optamos pela falta de experiência.

Entre um partido que governou durante 13 dos piores 16 anos do regime democrático e um partido que governou menos de 3 anos, optamos por este.

Entre um partido que consumou a maior ocupação da história do aparelho de estado português pelo seu pessoal (maior do que a da União Nacional) e um que protagonizou a terceira maior, preferimos este último.

Entre um partido que mantém um conúbio espúrio entre a política e o grande capital financeiro e um partido ligado ao pequeno capital industrial, preferimos este último.

Entre um partido empenhado em manter a intelectualidade das sinecuras e os artistas do subsídio e por eles ser apoiado e um partido sem pergaminhos intelectuais, escolhemos a falta de pergaminhos.

Entre o prejuízo da certeza e o benefício da dúvida, optamos pelo benefício da dúvida.

Impertinente ............................................ Pertinente

CASE STUDY: Tele-evangelista com devota

Beija-me na boca e chama-me tarzan

Contributo para a compreensão da alma lusitana

«As pessoas não têm dinheiro para comer e depois têm três telemóveis para falar do que comem
Lili Caneças, socióloga socialite, expondo ao Expresso o resultado das suas investigações sobre os malefícios do telemóvel

04/06/2011

A mentira como política oficial (5) – mais uma, só para a despedida do governo mais mentiroso da história de Portugal

11-05-2011 «O secretário-geral do PS afirmou hoje, durante o debate com o líder do Bloco de Esquerda, que apenas aceitará uma descida "pequena" e "gradual" da taxa social única (TSU) e que essa medida está "em estudo".?

01-06-2011 «FMI divulga documento em que Teixeira dos Santos e Carlos Costa se comprometem com uma "redução substancial" da taxa social única».

DIÁRIO DE BORDO: Fedexpress is back

Super Roger downs valiant Djokovic in twilight epic

03/06/2011

O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: Faça-se a vontade à criatura

Enviado por AB

SERVIÇO PÚBLICO: A justiça em Portugal não é cega, mas é coxa (4) [e surda]

[Sequela de (1)(2) e (3)]

Júlio Castro Caldas, antigo bastonário dos advogados, deputado duas vezes pelo PSD, ministro da Defesa dum governo de Guterres, onde se cruzou com José Sócrates, e emérita figura dessa entidade mítica chamada Bloco Central, na sua encarnação recente como «o magistrado relator do processo disciplinar instaurado pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) aos procuradores que investigaram o Caso Freeport, considera que havia indícios suficientes para José Sócrates e Pedro Silva Pereira terem sido constituídos arguidos … (havendo portanto) … violação do princípio de igualdade processual, e debilidade instrutória».

Eu diria mesmo mais, deveriam ter sido constituídos arguidos. E porque não foram? É a pergunta de um milhão de euros.