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15/07/2011

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Mal informados andaram os portugueses

«A Moody's não tem credibilidade? Isso decidem os mercados internacionais e não as elites portuguesas aos gritos histéricos para consumo doméstico (e parece que os mercados internacionais acreditam mais na Moody's do que nas vozes portuguesas). A Europa apoia Portugal contra a Moody's? Só com conversa da treta porque na realidade ainda não fizeram absolutamente nada para reformar o papel e o poder das agências de "rating" (porque semelhante reforma não é tão fácil como dizem os nossos comentadores encartados). A Moody's anda mal informada sobre Portugal? Não, bem pelo contrário. Mal informados andaram os portugueses. Então acham que basta uma conversa bonita, um Governo jovem e uma medidas pontuais para inverter vinte anos de políticas públicas absolutamente irresponsáveis? Basta sair pela Portela e aterrar em qualquer parte do mundo para perceber que Portugal simplesmente não tem credibilidade.

É absolutamente ridículo ver grandes empresários, banqueiros e gestores portugueses falar de injustiça e moralidade neste contexto. Falamos de negócios, mercados financeiros, dinheiro, lucro; desde quando são a injustiça e a moralidade parte do assunto?

O mais triste de toda esta longa saga portuguesa contra a Moody's e as agências de "rating" é que não me lembro de todas estas vozes criticarem igualmente as políticas públicas que nos trouxeram até aqui. Estes poderes fáticos (*) são os primeiros responsáveis do buraco em que Portugal está metido, vivendo à sombra do Estado durante vinte anos como predadores dos recursos públicos, apoiando as loucuras do optimismo que faz bem a Portugal, defendendo o sobreendividamento do Estado e das famílias como modelo económico de futuro. E agora a culpa é da Moody's. Não, não é. A culpa é deles e só deles!
»

[Nuno Garoupa no Negócios online]

(*) Nem de propósito, um desses poderes fácticos com maior sucesso – os banqueiros do regime ou mais precisamente il capo di capi della banca di regimeestá em contacto com a Dagong, a agência de rating chinesa. É um upgrade no rating da reputação do BES.

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