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14/11/2011

A maldição da Rua da Horta Seca (III)

(Outras maldições da Rua da Horta Seca: I e II)

13-10-2006 - «O ministro da Economia, Manuel Pinho, anunciou hoje o fim da crise em Portugal».

30-09-2008 - «O ministro da Economia considerou …que o mundo da prosperidade, que marcou os últimos 10 a 15 anos, terminou».

14-11-2011 - «2012 certamente irá marcar o fim da crise. Será o ano da retoma para o crescimento gradual de 2013 e 2014», Álvaro Santos Pereira no parlamento.

Ao ler «Os mitos da economia portuguesa» publicado em 2007, percebe-se que ASP fez uma análise lúcida e tem ideias claras para sair da crise, umas melhores outras piores. Como explicar a evaporação de boa parte da lucidez e das ideias claras depois de ter tomado posse como ministro da Economia?

Como explicar em particular que ASP faça previsões cor-de-rosa de alto risco quando quase toda a gente já percebeu serem necessárias décadas para reduzir a dívida para um montante suportável e enquanto não o fizermos gastaremos com o serviço da dívida o dinheiro que seria para investir? E, especialmente, como explicar a frase «fim da crise» que ASP deveria saber ser uma frase marcada, desacreditando quem a usa?

Talvez seja preferível responder a outra pergunta? Porquê se deve esperar que um académico com mérito seja um político com mérito, se as exigências das duas profissões são bastante diferentes? A resposta óbvia é: não se deveria esperar. Nesse caso, porque se espera? Está explicado há muito - é o resultado do efeito halo, que nos leva a projectar uma avaliação positiva numa área a outras.

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