Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

13/12/2011

Bons exemplos (26) – um empresário que não anda ao colo do governo

Continua a existir em Portugal um certo complexo de se falar em política industrial…

A mim choca-me falar-se de políticas. Deve-se falar é de empresários. Quem faz e quem determina o desenvolvimento das empresas em termos de desenvolvimento económico são os empresários. O governo deve regular, estar o mais distante possível da economia real, e quando muito controlar à posteriori. Mas de forma alguma ser ele a definir as políticas industriais.

Isso acontece na Alemanha…

Vivemos em Portugal. Fará sentido o governo definir a estratégia que quer para o país, para além do trabalho que tem sido fundamental de contenção de custos e de reajuste das finanças públicas, que era absolutamente prioritário e estratégico. Mas feito e lançado esse trabalho, e está no bom caminho, como todos temos visto, há que definir a estratégia para o país pela positiva. Ou seja, saber o que é que o governo pretende, dentro dos poucos recursos que temos. E se há sectores ou actividades a serem privilegiados, de forma a que os empresários e os investidores internacionais possam adequar os seus investimentos.

Os portugueses têm esse espírito (de inovação)?

O maior problema que existe em Portugal ao nível das empresas é a classe empresarial. Todos nós somos pouco formados, pouco cosmopolitas, e enquadramos menos bem as pessoas que connosco trabalham. Não é por acaso que temos fora de Portugal, nos mais variados casos, nas mais diversas situações e níveis de actividade, pessoas que são sempre as melhores entre as melhores. Seja ao nível de direcção, ao nível de trabalhadores de fábricas ou nas empresas. E se são os melhores entre os melhores, é porque estão bem enquadrados, têm regras claras, e conhecem os procedimentos. E sabem para onde vão. É isso que nos falta em Portugal. Capacidade de liderança.

Houve uma grande mudança para as empresas pelo facto de o PSD ser governo?

Essa pergunta tem subjacente algo que me faz alguma confusão que é a promiscuidade que existe entre o governo e as empresas. As empresas devem pensar por elas e, no limite, é-me indiferente que o governo seja PS ou PSD. O que é importante são as políticas seguidas. Hoje, numa economia global, qualquer um desses dois partidos pode ter uma visão diferente ao nível social, se bem que as preocupações de ambos sejam idênticas às de um PS. Agora temos de acabar com essa promiscuidade que existe entre as empresas e o Estado. Tem de se cortar esse cordão umbilical.

(Excertos da entrevista de Filipe Bouton ao ionline)

Sem comentários: