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24/04/2012

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (57) – «passava o dinheiro para o PS»

«Fomos colegas no Instituto Superior Técnico. Houve um jantar de curso e nesse jantar o Cravinho (*) a certa altura chama-me de parte e diz: “Tens algum tempo livre?”. E eu disse: “Tenho, mas porquê?”; “Eu precisava de ti para uma empresa”; “Que empresa?”; “Agora não interessa, a gente daqui a uns tempos fala”. Passado uns tempos chamou-me e disse-me: “Eu quero que vás para a Junta Autónoma das Estradas, mas não digas a ninguém que o gajo que lá está [Maranha das Neves] nem sonha”. O Cravinho deu-me os 10 mandamentos do que eu precisava de fazer na Junta, limpar a casa, obras que era preciso fazer, etc. Entretanto, comecei a conhecer a casa, dei a volta ao país todo e um dia disse-lhe: “Há aqui uma série de coisas que é preciso fazer e há 11 fulanos que é preciso pôr na rua”. Ele retorceu-se, chamou-me daí a dois dias, disse que era muito complicado. O problema é que era através de uma das pessoas que eu queria pôr na rua que passava o dinheiro para o PS

Garcia dos Santos ao ionline

(*) João Cravinho, ministro do 1.º governo Guterres na época a que Garcia dos Santos se refere, talvez moído pelo remorso, apresentou ao parlamento mais tarde, em 2006, um pacote de medidas anti-corrupção, incluindo a criminalização do enriquecimento ilícito. A proposta não chegou a ser votada e Cravinho abandonou o parlamento e foi premiado com um lugar em Londres no Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento.

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