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11/11/2012

ARTIGO DEFUNTO: «Contra argumentos não há factos»

Com o supracitado título escreveu Miguel Sousa Tavares mais um dos seus artigos habituais no Expresso, desta vez com duas particularidades invulgares. A primeira está a segunda metade do artigo, com que tenho de concordar no essencial, em que dá conta de duas inevitabilidades e quem o lê regularmente sabe que MST, tal como a maioria dos comentadores «progressistas», odeia as inevitabilidades. São elas a falência do Estado Social, pelo menos tal como o conhecemos hoje, e a de o PS vir a tomar posse, mais cedo do que tarde, da herança que os socialistas amealharam em 13 dos últimos 17 anos. De passagem, MST conclui que, nem por isso, o líder socialista percebeu o que o espera, a ele ou ao seu sucessor in waiting.

A segunda particularidade é que, desta vez, o título concorda em absoluto com a primeira metade do texto onde MST nos conta uma abordagem de rua por uma senhora de uns setenta e tais anos, reformada há 14 anos depois de 40 anos de contribuições, que se lamenta de lhe terem baixado a pensão. O diálogo é uma peça paradigmática dos artigos de MST, a quem alguém já chamou «tudólogo». Nesse diálogo, o essencial dos seus argumentos assenta em dois erros grosseiros, a saber:
  • MST imagina que as contribuições para a segurança social representam 10% do salário, quando representam, como o próprio Expresso refere 2 páginas antes, 34,75% resultantes de 11% descontados no salário e 23,75% pagos directamente pelo empregador - é uma diferença abissal, como agora se diz;
  • MST pensa que os cuidados médicos de saúde são financiados pelo orçamento da segurança social, quando são suportados pelo SNS, como até possivelmente a velha senhora saberia.
Vou esquecer o outro erro menos importante de MST passar ao lado de as contribuições dependerem de salários que vão evoluindo ao longo das carreiras profissionais e não saber que as pensões são calculadas, até que se dê a transição para o cálculo sobre todo o período contributivo, sobre médias de uma parte desse período e, também por isso, as contas que faz só podiam sair furadas.

Baseado nestes «factos», MST constrói «argumentos» que o levam a concluir que a pobre senhora, mesmo dando de barato que nunca tinha recorrido ao SNS (que, recorde-se, ele não consegue distinguir da SS), já teria esgotado as suas contribuições depois de 4 anos de reforma (10% de 40 anos). «Contra argumentos não há factos».

2 comentários:

Anónimo disse...

Que padrões tão desleixados, tudo nele é desleixado, a começar pelo raciocínio.

tina

Anónimo disse...

A propósito deste tema, sugiro que se leia:

http://visao.sapo.pt/seguranca-social-um-esquema-de-ponzi-em-nome-da-solidariedade=f687031

e

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/financas_publicas/detalhe/vital_moreira_a_constituicao_nao_proibe_impostos_elevados.html

NAF.