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06/11/2012

Pro memoria (79) – Foram avisados e estão a ser avisados

«O modelo social europeu ou muda ou desaparece. Não podemos esquecer que toda a lógica do modelo social europeu saiu de um período excepcional da História, que vai de 1947 a 1973, durante o qual o PIB das economias desenvolvidas cresceu cinco por cento ao ano, consistentemente. Isso hoje esqueça…», disse Ernâni Lopes numa entrevista ao Público em 2004, recordada por José Manuel Fernandes.

O facto de Ernani Lopes ter compreendido isso em 2004 mostra a sua diferença para a cambada que deixamos que ande às nossas cavalitas a embalar-nos com conversa da treta. Cambada que, ainda hoje, não percebeu e continua a vender gato por lebre. E o pior de tudo é que em muitos casos não é por maquiavelismo ou cinismo, é mesmo por incapacidade de compreender.

Se nos apressarmos talvez ainda tenhamos tempo de salvar alguma coisa. Infelizmente acho pouco provavel, porque a maioria dos portugueses ainda parece estar na fase da negação ou da revolta e não temos gente para liderar um processo destes. A opção mais viável ainda parece ser alienarmos a soberania à burocracia europeia - não é bom, mas as alternativas são piores.

O governo que temos andou um ano a navegar à vista e agora está à deriva. Já o disse e repito, o governo é dos menos maus que temos tido e creio que é o menos mau que neste momento podemos ter, mas está longe do que as circunstâncias exigem.

O PS divide-se entre a justificação do caminho para a insolvência por onde nos arrastaram (clã socrático) e uma federação de órfãos que aceitam por agora um líder fraco, refém dos socráticos e completamente destituído de visão. Não é uma alternativa credível. Seria preciso um segundo Soares com coragem, carisma, liderança, visão e ambição, suficientemente maquiavélico e sem escrúpulos para em nome do socialismo e do Estado Social re-meter o primeiro na gaveta e desmantelar o segundo, aliviando-o até ao ponto de o podermos pagar, esperando que maioria dos portugueses acreditasse nessas tretas e se conformasse. Não há ninguém à vista.

LEMA: «Os cidadãos deste país não devem ter memória curta e deixar branquear as responsabilidades destas elites merdosas que nos têm desgovernado e pretendem ressuscitar purificadas das suas asneiras, incompetências e cobardias.»

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