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26/01/2013

Um governo à deriva (8) – Pior é difícil (mas não impossível)

Continuação daqui.

A gestão do caso RTP é um paradigma das asneiras de um governo que costumamos classificar no (Im)pertinências como mau no género bom, diferentemente dos governos de Sócrates que foram bons no género mau.

Entendamo-nos, mesmo para quem defenda (não é o meu caso) uma coisa chamada «serviço público de televisão», supondo que se saiba do que se trata, não há razão nenhuma para estar alimentar a pão-de-ló um burro que carrega 2 mil passageiros para produzir uma programação miserável que nada distingue das televisões privadas. Por uma fracção dos mais de 200 milhões que custa aos portugueses a RTP seria possível o governo comprar tempo de antena nas televisões privadas para as transmissões de «interesse público».

Depois de um ano e meio de novela realizada pelo inefável Relvas, com episódios de privatização pura e dura, episódios de concessão da exploração, entre outros que não percebi, chegamos a um anticlímax: aliviar o burro de 600 passageiros e reduzir assim a dose de palha. Supõe-se que este anticlímax se deve à necessidade de apaziguar as corporações que se opõem a alterar o status quo que vão desde os 2 mil passageiros até aos operadores privados de televisão, passando pelo CDS, apaziguamento que não parece estar a correr bem dadas as reacções do PS que está contra a «operação de cosmética de emagrecimento» e, inevitavelmente, das reacções do Sindicato dos Jornalistas que defende estar o processo de reestruturação «ferido de clara ilegalidade». Surpreendentemente, neste último episódio da novela, ainda ninguém falou da Constituição. Lá chegaremos, em devido tempo.

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