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16/02/2013

CASE STUDY: Para que precisamos de uma empresa pública ferroviária?

No ano passado a CP suprimiu 30 mil comboios devido a greves totais, parciais ou a horas extraordinárias que se verificaram em 295 dias.

O ano passado, tal como nos anos anteriores, a Fertagus que explora a linha sobre a ponte 25 de Abril não teve nenhuma greve e, em 2011, com 193 trabalhadores transportou 30 milhões de passageiros (incluindo por camioneta). A CP com 2.978 trabalhadores (15 vezes mais) transportou apenas 126 milhões (4 vezes mais).

Em 2011, a Fertagus facturou 28 milhões (145 mil por trabalhador) e a CP, incluindo carga, facturou 238 milhões (8,5 vezes) ou 80 mil por trabalhador. No mesmo ano, os resultados da Fertagus foram -470 mil (em 2010 tinham sido de +4,1 milhões) e os resultados da CP foram de -289 milhões (incluindo 188 milhões de juros), uma vez mais negativos, como há décadas. Não espanta, pois, que a Fertagus tenha capitais próprios positivos de 3 milhões e a CP esteja falida com capitais próprios negativos de -2.957 milhões! Ainda menos espanta que tivesse em 2011 um passivo por financiamentos obtidos de 3,7 mil milhões - o equivalente a mais de 10% da dívida do sector empresarial do Estado.


É claro que esses indicadores não são totalmente comparáveis por que se trata de empresas com negócios, estratégias diferentes e clientes diferentes, mas as diferenças são tão abissais que não podem esconder o desastre nacional de um país que entregou o seu transporte ferroviário a um monstro ingovernável mantido pelo Leviatã do Estado Socialista à custa da extorsão dos sujeitos passivos.

Aditamento:
Um passageiro regular da Fertagus chamou-me a atenção para outras diferenças abissais. O atendimento e relacionamento com os passageiros (friendlly not familiar na Fertagus versus familiar or not friendly na CP) e o estado de conservação e limpeza das estações e dos comboios (bom aspecto no caso da Fertagus e uma esterqueira no caso da CP, salvo nos Alfas).

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