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23/05/2013

Colectânea de equívocos à volta da troika (1)

Poderiam escrever-se livros sobre as confusões que os jornalistas e os portugueses em geral vêm fazendo à volta dessa entidade mítica chamada troika. Vejamos duas das últimas.

A jornalista Helena Garrido escreveu: «(por) zero virgula três por cento do produto interno bruto… a troika lançou Portugal numa crise política que pode acabar na antecipação das eleições». Ora a mim parece-me a crise política não se deve aos «zero virgula três por cento do produto interno bruto» mas antes à duplicidade do Dr. Paulo Portas, que quer estar no governo como se estivesse na oposição, e ao Dr. Passos Coelho a quem falta areia nas mãos para agarrar a cauda fugidia do primeiro.

A Eurosondagem divulgou um estudo de opinião de onde concluiu que 41,5% dos portugueses defendem a denúncia do memorando e 41% a sua renegociação. Ora acontece que o memorando já foi renegociado 7 vezes, uma vez em cada uma das avaliações, e a sua denúncia deveria ser acompanhada pela devolução dos mais de 70 mil milhões de euros do PAEF, o que daria a módica quantia de mas de 7 mil euros a cada português. De onde me parece aceitável concluir que 82,5% dos portugueses defendem que não deveríamos pagar uma parte ou a totalidade do dinheiro que nos tem permitido não morrer de fome desde Junho de 2011.

Se o estudo de opinião perguntasse porquê se deve denunciar ou renegociar, isto é não pagar, a resposta seria obviamente porque não somos responsáveis. E perguntando-se os culpados, certamente lá viriam com vários x por cento somando 100 por cento: o neoliberalismo, a crise financeira, as agências de rating, dona Merkel, a troika, e até, aposto a minha parte dos 7 mil euros, uma percentagem significativa para Vítor Gaspar.

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