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25/11/2013

SERVIÇO PÚBLICO: O pior cego é o que não quer ver

A propósito do artigo de opinião «Ensaio sobre a cegueira» no DN, independentemente de se concordar ou não com a visão de João César das Neves sobre as causas, as responsabilidades e as consequências da situação de bancarrota assistida pelos credores em que Portugal se encontra (concordo com quase tudo), devemos saudá-lo pela coragem de defender em público essa visão que ele saberá perfeitamente ser impopular e rejeitada com veemência pelos «200 palhaços que vão à televisão falar de economia», para usar as suas palavras, e por quase todos os comentadores que por estupidez e ignorância, na melhor hipótese, ou por puro cálculo ou cobardia, na pior, fazem dos seus púlpitos mediáticos um discurso irresponsável e irresponsabilizante.

Infelizmente, encontramos muito poucos (Medina Carreira, Camilo Lourenço, entre outros) com essa coragem de afrontar o discurso dominante nos mídia e nos círculos políticos e, ao que parece, entre os grunhos que fazem comentários aos artigos desrespeitadores da vulgata – veja-se como exemplo a grosseria, a ignorância, e a alienação irremediável de muitos dos mais de 200 comentários ao artigo de César das Neves.

É pela falta de uma elite esclarecida e corajosa que não bajule os preconceitos populares que nos encontramos onde nos encontramos: na indigência, sem dinheiro, sem visão, sem projectos, sem soluções – ou, pior ainda, com soluções que consistem no que os outros países ou instituições têm de fazer para nos resgatar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Li há uns anos (atrás, como é moda) que o pior cego é o que quer ver.
Abraços do aeo