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30/05/2014

Pro memoria (170) – Mudam-se os tempos, mudam-se os amigos (e os inimigos)

Durante 20 anos, de 1955 a 1975, o maior inimigo do Vietname foram os Estados Unidos e a China, durante séculos inimigo histórico do Vietname, foi desde o pós-guerra e principalmente nesse período o seu maior aliado.

Quarenta anos depois do final da guerra com os EU, o Vietname retomou a sua animosidade secular com a China que não esconde as suas ambições sobre vários territórios e zonas marítimas em disputa. Recentemente, a China National Offshore Oil Corporation ancorou uma gigantesca plataforma petrolífera a 220 quilómetros da costa vietnamita, ao mesmo tempo que deslocou para a proteger uma pequena armada.

Economist
O Vietname protestou sem consequências para além de um dos seus barcos de pesca ter sido abalroado e afundado por um barco chinês. Em várias manifestações em Hanói e noutras cidades, a China foi apupada com a condescendência cúmplice das autoridades vietnamitas que não costumam apreciar agitações.

Com tudo isto, o Vietname vem aproximando-se do seu inimigo ocasional daquelas duas décadas que aparece aos seus olhos e de vários outros governos asiáticos como um conveniente potencial aliado para os proteger das ambições do Grande Panda.

Um dia Lord Palmerston, ministro inglês dos Negócios Estrangeiros durante 40 anos, disse «a Inglaterra não tem nem amigos eternos, nem inimigos eternos, mas apenas interesses eternos». Mutatis mutandis, digo eu.

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