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27/06/2014

ESTADO DE SÍTIO: Dois pilares da III República em risco de fractura


Duas instituições da III República atravessam crises profundas, visíveis nas lutas fratricidas entre os dirigentes que disputam a liderança. Não é certamente um acaso a simultaneidade das crises do PS, os donos do regime, e do GES, os donos do banco do regime. Uns e outros, nas últimas duas décadas, e muito em especial durante o consulado de José Sócrates, surgiram associados nas obras, nas manobras, nas conspirações e nos golpes do regime.

Por trás dos líderes estão as famílias em conflito, do GES (Ricciardi, Mosqueira do Amaral, Manuel Fernando Espírito Santo, Ricardo Salgado, José Manuel Espírito Santo) e do PS (soaristas, socratistas, sampaístas apoiando Costa e seguristas apoiando Seguro).

Nessa crise a decorrer no presente está em causa o futuro mas também o passado - «quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado».

Do lado do GES, Ricciard tenta livrar-se do anátema com que Salgado contaminou o GES, emigrar para o BESI e tornar o BESI menos dependente do BES (accionista único) anunciando um aumento de capital que de pronto Salgado desmente falando em nome do BES. No final, talvez sobre apenas um Salgado a manobrar na sombra e um Ricciardi a perder o seu lugar ao sol, até que um novo líder resulte de um novo arranjo accionista.

Do lado do PS, Seguro, tentando primeiro não se comprometer com a herança de Sócrates, deixa (ou incentiva) agora os seus apoiantes excomungarem «a tralha socrática». Enquanto Costa surgido do limbo da câmara de Lisboa, empurrado por Soares para ser seu procurador no PS e por Sócrates para defender a sua obra, começa por aceitar o papel que lhe tinham reservado, até ter descoberto que a obra de Sócrates não é activo para o seu propósito, mas um passivo, e acaba a demarcar-se de erros de Sócrates. No final talvez não fique nenhum deles para contar a história e surja das sombras um novo líder.

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