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19/07/2015

Dúvidas (111) – Quem é realmente Alexis Tsipras?

«Um génio ou um desastrado? Um reformista radical ou um revolucionário dissimulado? Um estadista ou um populista? Alexis Tsipras não é fácil de entender, o que não ajuda a ter confiança na sua palavra.

Quem é realmente Alexis Tsipras? Um populista que soube aproveitar a onda do descontentamento popular? Ou um estadista que teve a frieza de parar à beira do precipício? Um pragmático que foi capaz de compreender os limites do que podia obter dos credores? Ou um aprendiz de feiticeiro que quase incendiou a Europa ao surpreendê-la com um inopinado referendo? Um génio que manobrou e manipulou todos para se tornar o líder incontestado da Grécia? Ou um oportunista que muda de discurso conforme a audiência e em quem ninguém pode realmente confiar? Um esquerdista que nunca se desligou das suas raízes revolucionárias e anti-capitalistas? Ou antes um radical a caminho de se converter num social-democrata?»

José Manuel Fernandes responde às suas próprias interrogações: «o meu instinto inclina-se mais para que é um radical a caminho da social-democracia». Há dias Alexis Papachelas admitia ironicamente no ekathimerini.com que Tsipras parecia um neoliberal ao justificar no parlamento a aprovação das medidas do 3.º resgate.

É possível que seja tudo isso ou nada disso. Já vimos Lenine assinar o tratado de Brest-Litovsk e Estaline e Hitler entenderem-se no pacto Molotov-Ribbentrop para partilhar a Polónia. Pode ser a doutrina Lenine um passo atrás, dois passos à frente, como aliás um qualquer membro do governo disse a respeito da capitulação de Tsipras.

Porém, em política o que não parece dificilmente é. Os próximos meses ajudarão provavelmente a encontrar uma resposta. Até lá acho mais prudente manter a questão em aberto com uma resposta provisória como a de Hugo Dixon no Politico: «Alexis Tsipras is either a liar or a resident of Lalaland», Alexis Tsipras ou é um mentiroso ou um lunático.

Enquanto esperamos, vale a pena ler este inventário feito pelo Insurgente das cambalhotas de Tsipras e do Syriza em vez dos passos atrás e passos à frente.

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