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24/09/2015

BREIQUINGUE NIUZ: «A próxima bomba relógio»

«Dívida privada. A próxima bomba relógio?» titula o Observador, como que referindo-se a uma coisa surgida durante a noite passada e como se o tique-taque da bomba relógio não fosse audível há décadas.

Outros jornais também parecem surpreendidos e citam Christine Lagarde, a patroa do FMI, que parece agora ter descoberto o problema da dívida privada em Portugal e em vários outros países que tem um peso consideravelmente maior do que a dívida pública.

A mim o que me espanta é estarem espantados. Será a influência da Mouse Square School of Economics? Lembram-se do postulado de José Sócrates «a dívida não é para se pagar, foi assim que aprendi»?

Nós por cá teríamos tido muito gosto em poupar-lhes o espanto desde há mais de 9 anos. Uma pequena antologia:

27-06-2006 - «A dívida privada externa das famílias e empresas aumentou 5% em 2005, para 66% do PIB, 97 mil milhões de euros (DE). Dito de outro modo, as portuguesas e os portugueses são gente pródiga carecida dum tio rico que lhes pague as dívidas. Ao menos uma parte delas, acrescentariam chorosos os mais insolventes

15-06-2010 - «...a dívida portuguesa total, pública e privada, atinge o número astronómico de 333 mil milhões de euros ou seja dois PIB. A maior parte desta dívida é detida pelos sistemas financeiros francês e alemão, resta-nos a consolação que com a nossa eventual falência arrastaremos vários bancos e seguradoras para a bancarrota. Seria (será?) a vingança dos pobres falidos.»

06-12-2011 – «São todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros»



23-08-2012 - «Sabendo-se que a nossa dívida externa pública e privada foi alimentada durante várias décadas pelos défices das contas externas só pode concluir-se que para resolver os nossos problemas graves de endividamento é indispensável melhorar estas contas


30-10-2013 - «Fala-se muito da dívida pública, que é de facto pesada, e fala-se muito pouco da dívida privada, que é de facto muito mais pesada, quer em termos relativos à dívida pública, quer em termos internacionais, onde a nossa dívida privada aparece muito bem colocada no pelotão da frente, com 255% do PIB (maior do que a Espanha com 215%)»

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