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25/01/2016

Pro memoria (290) – Quem ganhou e quem perdeu as eleições presidenciais?

A resposta simples e óbvia para quem ganhou foi dada esta madrugada por The Economist Espresso: «O pândita televisivo favorito dos portugueses». Não ganhou sozinho. O segundo grande vencedor foi o Sr. Vitorino Silva, aka Tino de Rans, com 152 mil votos (3,28%).

Perderam todos os outros candidatos com derrotas de vários tamanhos. A maior de todas foi a do ex-padre e actual comunista Edgar Silva que apenas capturou 183 mil votos (3,95%) dos 446 mil de que o PCP (8,25%) ainda é proprietário. A segunda maior derrota foi a de Maria de Belém que acabou com menos de 197 mil votos (4,24%) - 1/3 das primeiras sondagens.

Porém, não foram só os candidatos que perderam, também os partidos que se esconderam por trás. A começar pelo PCP que viu a sua base eleitoral nas eleições presidenciais ainda mais reduzida do que o costume e sofrendo uma pesada derrota cujas consequências, muito provavelmente, serão agudizar as contradições da geringonça.

O grande perdedor seguinte foi o Partido Socialista que dos seus 1,75 milhões de votos nas últimas eleições não conseguiu reter nos dois candidatos apoiados à sorrelfa mais do que 1,26 milhões, ou seja perdeu meio milhão de votos, apesar do maná já oferecido e o prometido por Costa em apenas 2 meses. Ainda que somássemos os votos de Vitorino Silva e de Henrique Neto terão sido perdidos mais de 300 mil. (*)

Há quem considere que o Bloco de Esquerda foi um vencedor ao comparar os votos 469 mil votos de Marisa Matias com os 292 mil de Francisco Louçã. Contudo, esta comparação não faz muito sentido porque desta vez o BE está numa dinâmica de forte crescimento e, valha-nos Deus, não podemos comparar o sex-appeal do tele-evangelista com o da menos esganiçada das esganiçadas (concedo, sou um sexista-machista-fáxista empedernido). O que se passou é que o BE não segurou mais de 80 mil votos.

Finalmente, para concluir o menos óbvio e o mais polémico, os grandes vencedores foram os cépticos do regime que, com o apoio dos desinteressados, apoio que só não foi entusiástico porque, como se sabe, os desinteressados não se se entusiasmam facilmente, aumentaram o seu score em quase 700 mil de 4,27 milhões para 4,96 milhões, ultrapassando também em meio milhão o número dos que lá foram depositar os seus votos afectuosos para recompensar as ondas de afecto que os 10 candidatos derramaram pelo país durante um mês que pareceu uma eternidade.

(*) Aditamento:
O desastre do PS pode ter sido muito maior se, como alguns indícios apontam e alguns ex-dirigentes do PCP reconhecem, tiver havido uma migração de votos do PCP (parte dos 260 mil perdidos) para Sampaio da Nóvoa. Nesse caso a perda do PS pode ter-se aproximado dos 750 mil eleitores. Não foi uma vitória por «poucochinho», foi uma derrota por muitíssimo.

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