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01/02/2016

ACREDITE SE QUISER: Quando o que subiu desce, o que desceu pode não subir e o que não desceu pode subir

Recordemos que quando o governo PSD-CDS aumentou o IVA da restauração de 13% para 23% a oposição antecipou uma onda de falências e despedimentos e prometeu desde logo a «reversão» avant la lettre dessa medida. Para uma retrospectiva das habituais confusões ligada às dificuldades com a tabuada, recomenda-se este post da época.

A ferramenta analítica do PS
Quase quatro anos depois, a geringonça volta a ter problemas com a tabuada e difere a «reversão» e reduz o seu âmbito, por ter constatado que afinal a coisa tem «custos "muito superiores" à previsão inicial do Governo [PS], de 350 milhões de euros».

Constatação tardia que se segue às conclusões de um grupo de economistas do PS a trabalhar com uma «ferramenta analítica» que lhe permitiu avaliar que a descida do IVA da restauração de 23% para 13% «pode tonificar o PIB em mais 0,2%». A avaliar pelas encrencas orçamentais em curso, a única certeza é a redução do IVA «muito superior», mas quanto ao tónico nem FMI, nem a OCDE, nem o BCE, nem o Banco de Portugal, nem Comissão Europeia, nem a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), nem o Conselho de Finanças Públicas, parecem acreditar.

Depois de um inquérito a meia dúzia de tascas, o Expresso concluiu que da «descida no IVA na restauração  (resultará) que «os preços não descem, emprego talvez aumente». O «talvez» exige muita fé porque se os preços não descem a procura não vai subir. Se a procura não sobe não há razão para o emprego subir, a não ser que a restauração resolva fazer filantropia. Por isso, se o IVA desce e os preços se mantêm, a única coisa que acontece é aumentarem as margens de lucro.

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