Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

28/02/2016

Exemplos do costume (38) – Como encenar manifs

Qualquer observador mais ou menos atento notará que invariavelmente a descrição das manifs pelo jornalismo de causas depende das causas e, o que ainda é mais fácil de notar, tratando-se de imagens, fotos e sobretudo filmes, qualquer operador de meia tijela sente-se um Eisenstein usando o ângulo, o plano e enquadramento e a técnica de montagem para fabricar um produto agitprop à altura da causa.

Já por várias vezes apresentámos no (Im)pertinências exemplos dessa arte e vamos dar mais um, documentado por Helena Matos no Blasfémias. Trata-se de um fotograma de um vídeo de TV (ou de uma foto «oficial» de causas) e de uma foto amadora (suponho) tirada à distância, ambos do ministro da Cultura João Soares a perorar para os manifestantes da «Cultura em Luta» nas escadarias do parlamento. Enquanto no primeiro se pode imaginar (é essa a ideia) milhares de criaturas a assistir à peroração na segunda vê-se perfeitamente que as «mais de 50 estruturas culturais» estão representadas por uma multidão composta por 20 ou 30 criaturas.

Sem comentários: