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20/04/2016

Encalhados numa ruga do contínuo espaço-tempo (62) - O berloquismo é uma espécie de infecção da bem-pensância

«Nenhum operário (ou operária) está preocupado com estes tipo de temas [o "género" dos cartões de cidadão e de "cidadona"] – mas a verdade é que o Bloco também não os representa. O Bloco é um partido urbano de bem-pensantes, talvez o partido português com menos base popular. O Bloco é mesmo o exemplo acabado do destino das esquerdas contemporâneas, que há muito deixaram de representar os desvalidos, por vezes deixando-os mesmo nos braços de partidos-gémeos mas de extrema-direita, e passaram a falar pelas classes médias rentistas, isto é, pelos que economicamente dependem do Estado e culturalmente vivem no pânico de não serem considerados “modernos” ou mesmo “progressistas”.

O Bloco padece também de todos os vícios típicos dos partidos formatados por intelectuais com pouca ou nenhuma ligação à vida real. Alimenta-se por isso de ideias feitas, de “verdades” que grita no Parlamento (já repararam como quase ninguém condena a agressividade, por vezes a roçar a grosseria, de muitas das intervenções de Catarina Martins?) e de slogans fáceis que ninguém trata de confrontar com a realidade. É um partido que se alimenta de ideologia que apresenta como correspondendo ao senso comum, beneficiando, e muito, de em Portugal existir uma velha cultura estatista e iliberal, enraizada tanto à esquerda como à direita. 

Um bom exemplo deste viver de ideologia é um post de Mariana Mortágua no Facebook onde esta tenta desmentir a existência de uma relação entre subida do salário mínimo e desemprego de longa duração, uma relação referida no mais recente relatório da Comissão Europeia sobre Portugal. Jorge Costa já mostrou de forma eloquente que o raciocínio da deputada do BE está construído sobre falácias, pelo que o interessante neste caso é notar a reverência com que a nossa intelligentsia escuta Mariana Mortágua.»

Excerto de «Um dia destes acordamos nas mãos do Bloco», José Manuel Fernandes no Observador

2 comentários:

Anónimo disse...

Algo espontânea e simploriamente Pedro Arroja não se lembrou da:

«agressividade, por vezes a roçar a grosseria, de muitas das intervenções de Catarina Martins» escrito de José Manuel Fernandes.

Chamou de esganiçadas e que não queria nenhuma daquelas fêmeas "nem dada".
Há homens que vão atrás de qualquer rabo de palha; há outros que não.

Unknown disse...

Suspeita-se fortemente que a mortágua seja um sub-produto, alegadamente
economista, formatado nas "novas oportunidades" do saudoso bicharel...