Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

11/05/2016

Lost in translation (268) – O berloquês é uma língua muito difícil

«O BE nestas jornadas parlamentares quer discutir propostas e projectos que ajudam a combater os problemas do nosso país e a não ficar eternamente à espera da Europa» disse Catarina Martins, a líder do BE, em Évora na abertura das ditas jornadas.

É uma declaração enigmática porque se o BE defende que devemos cortar os laços com Bruxelas, não aceitar os seus ditames e, last and utmost end, não pagar a dívida, como vamos desenvolver projectos para resolver os problemas do país sem dinheiro, ao mesmo tempo que reduzimos horários para 35 horas, aumentamos os salários, pagamos pensões «justas», etc. (um grande ETC.)? Será suficiente o dinheiro dos ricos para pagar a crise? Agora que sabemos a facilidade com que eles se pisgam para offshores e onshores, é duvidoso.

Parti do princípio que a declaração deveria ser muito clara para todos os berloquistas presentes na jornada e depois de muito esforço e muita hermenêutica esquerdista estou em condições propor uma tradução em português corrente que consiste simplesmente em aditar à declaração uma curta sentença implícita na frase proferida a quem domina o berloquês: «… à espera da Europa … para mandar o dinheiro a que temos direito».

2 comentários:

Anónimo disse...

A gaita é o grande ETC.

Unknown disse...

Merece mesmo uma medalha. Só por serviço público é que há pachorra para tanto lirismo.