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28/07/2016

Exemplos do costume (43) – As indignações selectivas (II)

Continuação de (I)

Voltando à nomeação de Durão Barroso para o Goldman Sachs, a propósito deste artigo no Observador de João Marques de Almeida que foi seu assessor na CE, artigo a ler em contraponto aos disparates escritos por uma parte (significativa) da comentadoria nacional, inspirados por ódios de estimação ou por agendas partidárias.

Uma das acusações mais graves feitas a Barroso é a de ter participado com Bush, Blair e Aznar na cimeira dos Açores de promoção da invasão do Iraque e de subsequentemente a ter apoiado com base em informações fabricadas (soube-se depois) pelo governo americano.

É verdade? É. Tinha Barroso consciência de que não estava provada a existência de armas de destruição maciça – o pretexto para a invasão? Não faço ideia, mas duvido que tivesse informação privilegiada a esse respeito e nessa altura. Talvez mais tarde.

Temos por isso de o ostracizar por isso? Só se ostracizarmos também vários outros, por exemplo Pacheco Pereira que defendeu a invasão e durante vários anos a justificou independentemente da existência ou não de armas de destruição maciça (ver os posts do Abrupto sobre o Iraque, muito especialmente este de 2008 - artigo do Público - onde verbera e bem «esse delito de opinião é ter estado a favor da invasão do Iraque»).

Alguém que ostraciza Barroso pelo Iraque ostraciza Pacheco Pereira? Claro que não - é a doutrina Somoza.

3 comentários:

Oscar Maximo disse...

Se o Barroso estivesse mesmo interessado em saber das tais armas, era perguntar á pessoa encarregada da averiguação, Hans Blix.

Unknown disse...

Muito tudologo ou palhaço(conforme o gosto) ainda hoje defende a invasão dum país por outro, como o Iraque,passando por cima dos milhares de mortos provocados,tal cão por vinha vindimada, como por exemplo o humorista Alberto Gonçalves e muitos outros. Quem defende uma coisa ou outra pode/deve fazê-lo sem constrangimentos e assumindo com clareza as suas opções e responsabilidades.
A invasão do Iraque foi uma monstruosidade e vamos levar muitos anos a pagar essa besteira. Ninguem deve deixar de ter em conta, não os números que a canzoada imperialista aponta(4500 mortos) mas sim os mais de 400 mil mortos assassinados no seu próprio país pela opção duns irresponsáveis criminosos de nome Blair, Bush, Aznar e de mordomo Barroso, que continuam ainda hoje sem serem julgados em tribunal, como seria de toda a justiça.

Anónimo disse...

A maioria das pessoas liquida aqueles a quem não diz amém.

Está-se mesmo a ver que a guerra no Iraque foi feita pelas forças armadas de Portugal e de España.
España sempre se sentiu relegada por a NATO escolher Oeiras para principal base logística na península.
Os chefes dos EUA, do Reino Unido e de España reuniriam-se aonde quisessem sem nos dar cavaco. Até nos Açores aonde os EUA mandam numa Base Aérea...
Na minha leitura, perante a afronta da escolha dos Açores, Barroso foi à cimeira para marcar que Portugal era o anfitrião, o dono dos Açores.
Tal como Cavaco Silva foi às Ilhas Selvagens marcando o que é nosso.
Política não é ter na mão os sindicatos.