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09/08/2016

DIÁRIO DE BORDO: já dei que chegue para o peditório dos incêndios (mas continuo sem juízo)

Com mil desculpas, retorno a este enfastiante tema que todos os anos parece exaltar os mídia portugueses. Antes de prosseguir, confesso que a causa próxima desta minha recaída foi este artigo de João Miguel Tavares, um jornalista com quem costumo estar de acordo, que pretende tirar consequências de um estudo da UE sobre incêndios florestais nos países da bacia do Mediterrâneo que, em minha opinião, não podem ser tiradas.

Não se pode comparar a percentagem de área ardida em Portugal com as correspondentes percentagens totais de Espanha, França, Itália e Grécia. Basta olhar para uma carta de curvas isotérmicas no Verão para constatar que o norte da Espanha e a maior parte da França jogam noutro campeonato.

Isotérmicas em Julho (fonte)
Se considerarmos o tipo de floresta, onde em Portugal predominam pinhais e eucaliptais, então teremos de concluir ser absolutamente natural que Portugal tenha mais incêndios e uma área ardida proporcional muito superior. Por isso, convocar «todos os ministros do Ambiente e ministros da Administração Interna (António Costa incluído) que ocuparam os cargos entre 2000 e 2013» não deve servir de muito.

Antes de prosseguir sobre o tipo de florestação, façamos um ponto de situação dos incêndios florestais para concluir que não há nada para concluir, a não ser a influência de meteorologia.

Fonte: Relatório ICNF

Chegado aqui, espero merecer a benevolência do leitor, por vir, pela quarta vez, publicar um post com 13 anos, que espero esclareça a outra vertente do problema: o tipo de florestação.

Como eram as coisas há 76 anos
(Fonte: Amorim Girão, Geografia de Portugal, Portucalense Editora):


Como eram há 13 anos
(Fonte: Espécies Florestais 2002, Direcção-Geral dos Recursos Florestais)
O que só pode ter os resultados que se conhecem
(Fonte: Fogos florestais ocorridos entre 1990 e 1998, Direcção-Geral dos Recursos Florestais)



E será por falta de políticas florestais e de intervenção do estado napoleónico-estalinista? Só se for por excesso.

Funções zingarilho de tipo recorrente aplicáveis:
  • Quanto mais estado napoleónico-estalinista, mais política florestal.
  • Quanto mais política florestal, mais Pinus Pinaster e Eucalyptos globulos.
  • Quanto mais Pinus Pinaster e Eucalyptos globulos, menos Castanea sativa, Quercus robur, Quercus Toza e Quercus lusitanica.
  • Quanto mais Pinus Pinaster e Eucalyptos globulos, mais incêndios.
  • Quanto mais incêndios, mais estado napoleónico-estalinista.
  • Quanto mais estado napoleónico-estalinista, mais Pinus Pinaster e Eucalyptos globulos
  • Quanto mais Pinus Pinaster e Eucalyptos globulos, mais incêndios.
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