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28/10/2016

Mitos (242) – Os nossos males resultam do tratado orçamental

Tudo estava bem enquanto tivemos o Escudo, segundo uma vulgata adoptada por comunistas, bloquistas, certas correntes socialistas, conforme a estação, e até, imagine-se, pela Dr.ª Manuela Ferreira Leite que há 2 semanas atrás declarou «enquanto houver tratado orçamental, Portugal [e outros países europeus que estão na mesma situação] não vai crescer».

A declaração de MFL, como seria de esperar, foi imediatamente propagada urbi et orbi pelo jornalismo de causas, não por causa da autora (que por vezes diz coisas com sentido que não são propagadas), mas porque se tratava de uma opinião «independente» avalizando uma das bandeiras da esquerdalhada.


Sendo certo que, como aqui no (Im)pertinências há muito temos defendido (nós e muitos outros antes de nós, por exemplo estes nove), a adopção da moeda única foi um erro, porque a Zona Euro está a anos-luz de ser uma zona monetária óptima (ver esta etiqueta), isso não permite explicar as nossas desgraças como bem se escreveu aqui no Insurgente, de onde saquei o diagrama acima, completado com a indicação dos países da Zona Euro.


De facto, só por ignorância ou desonestidade intelectual se pode considerar o tratado orçamental como o factor principal do crescimento abaixo da média da UE de um país que nas últimas 4 décadas só cresceu acima dela meia dúzia de anos a seguir à adesão. Olhando-se para o diagrama da taxa real de crescimento do PIB (assinalados os anos da adesão à EU e da adopção do Euro) percebe-se claramente a tendência de longo prazo para estagnação. Comparando o crescimento verifica-se que o tratado orçamental não impediu 2/3 dos países da Zona Euro crescerem acima da média, e alguns deles muito acima, como o tigre celta que no período 200-2015 cresce 60% contra uns poucos por cento do tareco lusitano (ver o post «Os felinos antes e depois da crise»).

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