Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

22/12/2016

CASE STUDY: A cada um a sua globalização

Um pouco por todo o lado, a globalização ou o que é tido como tal (no essencial, simplesmente a redução das barreiras ao comércio internacional), desde sempre ostracizada pela esquerda de inspiração marxista e mal amada pela direita, foi convertida por toda a esquerda e pela direita não liberal na bête noire dos povos, causadora do desemprego e em geral de todos os males, à falta de outra explicação.

Um pouco por todo o lado? Não exactamente. Muito nuns lados, quase nada nos outros. Ora vejam-se os diagramas seguintes (fonte) que mostram a distribuição das atitudes face à globalização das populações de 19 países.


Como seria de esperar, a França lidera as atitudes negativas face à globalização, que os franceses baptizaram de mondialisation (l'exception française, voilà). A novidade são os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. E, no entanto, esses três países e vários outros foram durante décadas dos que mais beneficiaram com a globalização. No extremo oposto, encontramos como amantes da globalização os países que nos últimos anos estão a sair da miséria por via dela. Curiosamente, não é visível praticamente nenhuma relação entre esta atitude e a relacionada com os imigrantes que parece muito mais influenciada por factores culturais e pela homogeneidade ou diversidade étnica.

O segundo diagrama confirma as suspeitas. Quanto mais dinâmicas foram no passado recente as economias dos países e maiores ganhos tiverem os respectivos povos, mais positivas são as suas atitudes face à globalização. Não deveria ser uma surpresa, pois não?

Sem comentários: