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28/06/2017

Agitprop e spin, agora e sempre

Um observador atento da produção "noticiosa" dos mídia desde o fatídico dia 17 terá notado um aumento substancial do caudal de "boas notícias", normalmente já volumoso. Caudal que foi bruscamente diminuído na passada segunda-feira para dar lugar à transformação de um suicídio aparentemente inexistente no suicídio político de Passos Coelho.

Uma das "boas notícias" aproveitada pelos spin doctors socialistas foi o encontro «de mais de 30 minutos» de Costa com Narendra Modi, no Palácio das Necessidades, encontro estranhamente não previamente anunciado. Para quê um encontro de mais de 30 minutos? perguntareis. Não se sabe bem. Aparentemente, houve falhas no spin e as versões publicadas não estavam devidamente alinhadas.

Segundo o Expresso, o semanário de reverência, a coisa parece ter sido para apreciaram a «vista para o Tejo e a Ponte 25 de Abril». O jornal Eco destaca o acordo para criar um fundo de quatro milhões de euros para ciência e tecnologia - não se riam, mas até nas pobres despesas de I&D aqui no burgo (uns 2,3 mil milhões) os quatro milhões são uma ridicularia de 0,17%. O Negócios titula que «Costa e Modi clicam para lançamento do Índia Portugal Startup Hub». Finalmente a nota do governo fala nos 11 acordos de cooperação assinados.

Contudo, o grande teste do spin vai ser a tentativa de apagamento da «"fita do tempo” das comunicações registadas pela Autoridade Nacional da Protecção Civil (ANPC)», segundo a qual «as comunicações fracassaram quase por completo, impedindo a ajuda às populações em perigo. E causaram o caos entre as diversas forças envolvidas no combate, que não conseguiam comunicar entre si.» (PÚBLICO)

Segundo o Expresso Curto de ontem, aquelas informações são conhecidas de Costa desde o dia 23. Como uma das manobras possíveis de apagamento pode passar pela demissão da MAI, cito Filipe Santos Costa que escreveu nesse mesmo Expresso Curto: «A ironia, porém, é esta: Constança Urbano de Sousa pode acabar por sair do Governo por causa de um sistema de comunicações que foi comprado pelo primeiro-ministro, quando este era MAI. É a política no seu pior.»

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