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15/03/2018

SERVIÇO PÚBLICO: A contratação de Passos Coelho como professor convidado explicada às criancinhas

«A ideia de que alguém deve ter um percurso académico para ser convidado é um total disparate. Se eu contratasse Passos Coelho para dar aulas na minha escola e descobrisse que ele andava a dar matérias que tivesse estudado num qualquer mestrado ou doutoramento, despedia-o imediatamente. Para isso, já tinha à disposição mais de 80 professores doutorados, que fizeram do estudo a sua carreira. De um ex-primeiro-ministro, eu esperaria um relato tão vivo, pessoal e detalhado quanto possível do que foi o seu mandato, em especial se esse mandato coincidisse com um dos períodos mais difíceis da nossa história recente. (...)

O outro argumento dos alunos do ISCSP é o salário obsceno de catedrático que Passos Coelho vai receber. Vamos com calma! Em primeiro lugar, é verdade que os catedráticos têm um bom salário. Um Catedrático em exclusividade ganha entre 4.665€ (1º escalão) e 5.400€ (4º escalão). Mas um convidado, evidentemente, não recebe como se estivesse em exclusividade. Recebe apenas uma percentagem do salário base do catedrático que não esteja em exclusividade. Esse salário é de 3100€. Se PPC for contratado a 50%, o seu salário bruto será de 1550€. Se for a 30%, então receberá pouco mais de 900€. Ou seja, muito provavelmente (e digo provavelmente porque os detalhes ainda não são públicos), o seu ordenado líquido andará entre os 700 e os 1.100€. É uma questão de opinião, claro, mas não considero obsceno. (...)

Basta procurar no Diário da República para ver que há dezenas (senão centenas) de nomeações de Professores Catedráticos Convidados. Logo no ISCSP, encontramos dois ex-ministros (Luís Amado e Paulo Macedo), além de lá estar António José Seguro (este como Auxiliar convidado). Não consigo, de todo, entender como se argumentar que a contratação de PPC é um atropelo ao ECDU.»

Excertos de «O ex-primeiro-ministro que nada tem para ensinar», Luís Aguiar-Conraria no Observador.

É uma análise objectiva e factual, parecendo ter prevalecido o Conraria sem hífen, pontualmente libertado dos seus complexos de esquerda e do ideologismo que lhe costuma estar associado.

1 comentário:

Anónimo disse...

«É uma análise objectiva e factual, parecendo ter prevalecido o Conraria sem hífen, pontualmente libertado dos seus complexos de esquerda e do ideologismo que lhe costuma estar associado.»

Concordância total! Mesmo no 'pontualmente' e hífen...

Abraço