Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

20/04/2018

COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (16) - A "competividade" e a "protividade", segundo Costa

É certo que um Costa que em 25-01-2015 nos diz "Vitória do Syriza é um sinal de mudança que dá força para seguir a mesma linha" e decorridos 3 anos nos diz em 16-04-2018 que aspira a bater o recorde europeu de redução da dívida ao mesmo tempo que em valor absoluto a tem vindo a aumentar, merece pouco crédito. Ainda assim, a capacidade de nos surpreender permanece intacta como mostram as suas declarações no jantar do 45.º aniversário do PS, junto ao Cristo Rei, um local apropriado para nos anunciar novos milagres:
«A direita dizia que para Portugal recuperar competitividade era preciso baixos salários e fragilização dos direitos laborais. A verdade é que aumentámos o salário mínimo em 2016, em 2017, este ano – e ficam já a saber que voltaremos a aumentá-lo em 2019 (Expresso)
Confrontemos o discurso de Costa sobre a recuperação da "competividade", como ele lhe chama, com a realidade baseada em dados actualizados na véspera desse discurso.

Labour productivity and unit labour costs (Eurostat)
Entre o ano anterior ao resgate e o último ano do governo PSD-CDS a produtividade (ou "protividade", segundo o costês) aumentou 1,9%. Nos dois anos do consolado de Costa a produtividade desceu 0,3% e em relação a 2010 Portugal foi o quarto país da EU28 em que a produtividade menos progrediu. Vamos ver como Costa descalça a bota quando a festa acabar, ruir o palanque das fantasias e os salários reais voltarem a cair para compensar a perda de competitividade. Os seus antecessores fugiram, um para Genebra e outro para Paris. Tentará Costa fugir para Belém desalojando o inquilino actual, outro contador de estórias?

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando me falam em «competividade» e em protividade», abro a boca de espanto. Aí podem enfiar toda a trampa numérica que sem tujir nerm mujir. Como regra, vomito logo a seguir.