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01/04/2018

SERVIÇO PÚBLICO: As redes sociais como instrumentos do bem ou do mal (cortar como mais convier)

Agora que o Tweeter e o Facebook, em tempos ferramentas de eleição intensamente usadas em boas causas como as duas campanhas de Barack Obama, deixaram de ser instrumentos do bem e se transformaram em instrumentos do mal, como a campanha de Trump, conviria prestar atenção ao estudo de Soroush Vosoughi sobre a propagação de histórias no Tweet citado no artigo «A lie is halfway round the world while the truth is still putting on its shoes» da Economist.

«No interior da França, no verão de 1789, surgiram rumores sobre aristocratas vingativos empenhados na destruição da propriedade dos camponeses. Não era verdade. O Grande Medo, como é agora conhecido, levou a França à revolução com uma enxurrada de boatos e rumores sem fundamento.

Dois séculos depois, os métodos para espalhar o absurdo foram muito melhorados. Num paper publicado na Science em 8 de março, Soroush Vosoughi e outros investigadores do MIT demonstraram que, pelo menos no Twitter, as histórias falsas espalham-se mais rapidamente e vão mais longe do que as verdadeiras.

O estudo, realizado no Laboratory for Social Machines do MIT, concluiu isso examinando tweets enviados entre 2006 e 2017. Os investigadores usaram modelos estatísticos para classificar os tweets como falsos ou verdadeiros, aplicando dados de seis organizações independentes de fact-checking. Isso permitiu que eles categorizassem mais de 4,5 milhões de tweets sobre 126.000 histórias diferentes. Essas histórias foram classificadas de acordo com a forma como se espalharam entre os utilizadores do Twitter.

Os resultados foram claros. As informações falsas foram retweetadas por mais pessoas do que as verdadeiras, e mais rapidamente acedidas. As histórias verdadeiras levaram, em média, seis vezes mais tempo do que falsidades para atingir pelo menos 1.500 pessoas. Apenas cerca de 0,1% das histórias verdadeiras foram compartilhadas por mais de 1.000 pessoas, mas 1% das histórias falsas foram partilhadas entre 1.000 e 100.000 vezes.

A razão pela qual a informação falsa se espalha melhor do que a verdadeira é simples, dizem os investigadores. As coisas espalham-lhe pelas redes sociais porque são atraentes, não porque são verdadeiras. Uma maneira de tornar a notícia atraente é torná-la nova. Quando os investigadores verificaram o quão novo era um tweet (ao compará-lo, estatisticamente, com outros tweets), descobriram que os tweets falsos eram significativamente mais novos do que os verdadeiros. Histórias falsas também eram mais propensas a inspirar emoções como medo, repulsa e surpresa, enquanto as genuínas provocavam antecipação, tristeza, alegria e confiança, levando à conclusão bastante deprimente de que as pessoas preferem compartilhar histórias que geram fortes reacções negativas. Talvez não por acaso, as notícias políticas falsas foram as mais prováveis ​​de se tornarem virais.

O paper também faz luz sobre o impacto de "bots" - contas automáticas que se apresentam como pessoas reais. A ideia de que os bots, em particular russos, ajudaram a influenciar a eleição presidencial dos EUA instalou-se firmemente na opinião pública. No entanto, o artigo conclui que, pelo menos no Twitter, a presença de bots não parece aumentar a disseminação de falsidades em relação à verdade.»

1 comentário:

Ricardo disse...

A Armadilha Progressista(ver www.planetadosprimatas.blogs.sapo.pt) que começou no século 18(e eu não sou "adepto" de absolutismos católicos ou monárquicos ou outros)tornou-se um autêntico "tsunami" no século XXI.