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11/01/2017

A defesa dos centros de decisão nacional (18) - Desfazendo alguns equívocos a propósito da acção promocional de Costa

[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7),  (8), (9), (10), (11), (12), (13), (14), (15), (16) e (17)]

A Generis, farmacêutica portuguesa que detém a marca com mais vendas e o segundo maior grupo de genéricos em Portugal, foi comprada pela Agile Pharma, uma subsidiária da indiana Aurobindo por 135 milhões de euros. (fonte)

Não, não é o enforcamento do homem. É apenas uma acção promocional (Público) 
Foi assim, sem indignações, sem dós de peito, sem dores na alma, que mais um «centro de decisão nacional» foi vendido à estranja, neste caso a indianos, no preciso momento em que Costa, um primeiro-ministro socialista, leva a cabo uma acção promocional na Índia.

Vem a propósito recordar várias coisas do domínio do óbvio ululante:
  • Em primeiro lugar, a compra de uma empresa portuguesa por estrangeiros não é investimento directo e, só por si, não tem consequências na capacidade produtiva da economia - é uma mera transferência de dinheiro para os bolsos dos vendedores;
  • A compra de empresas portuguesas por estrangeiros é um facto normal da economia global e não é, em si mesma, boa ou má;
  • Em princípio, significa que a empresa em causa é suficientemente atractiva e considerada viável para despertar o interesse; 
  • Pelo contrário, há razões de preocupação quando é preciso pagar para alguém comprar uma empresa portuguesa - como, entre outros, os casos do Banif e do Novo Banco - os restos do BES;
  • Porém, quando há um movimento significativo de empresas portuguesas a serem vendidas sem contrapartida em investimento alternativo pelos vendedores, isso confirma que os empresários e a economia portuguesa estão descapitalizados;
  • Descapitalização que não deveria surpreender ninguém, porque é o resultado da destruição do stock de capital que Portugal vem fazendo durante as últimas décadas e que explica uma das maiores dívidas líquidas ao estrangeiro.

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